NOS Primavera Sound 2016
| Na quinta edição do NOS Primavera Sound, o cartaz decidiu repetir alguns dos pecados que havia repetido na primeira edição do festival no Porto.
Se em 2012, os Beach House foram um dos protagonistas de tão delicioso pecado, os Chairlift não foram deixados de lado e regressam, mas desta vez ao Palco Principal do festival, para a apresentação do seu disco lançado no início do ano – “Moth”.
Em Novembro último, na edição do Mexefest, os Chairlift ainda não tinham editado o seu mais recente disco e as músicas soaram quase como ocas num concerto morno e sem vida. Nesta edição do NOS Primavera Sound, a história haveria de se contar, pintada de cores mais vivas que caíram bem com o lusco-fusco primaveril do último dia do festival.
“- Se corri!? Corri muito”! Isso sou eu que o afirmo, pois vi os Chairlift no Mexefest e não fiquei convencido com actuação. Sempre senti que ficou um vazio naquela apresentação, no Coliseu dos Recreios, e que a banda norte-americana tinha que me compensar. E, conseguiram.
Caroline Polachek tem o groove, Patrick Wimberly tem a alma e os dois completam-se numa união absolutamente perfeita para fazer deste projecto, originário do Colorado (EUA), uma simbiose completa, carregada de ritmos pop anos 80 e uma electrónica light, que consegue deixar um gosto a boa disposição em cada tema escutado.
Na primeira vez que havia visto a banda, foi como uma chave para uma porta desconhecida, na primeira edição justamente do Primavera Sound. “Amanaemonesia” do álbum de 2012 “Something” girou de forma quase doentia na minha selecção musical. Havia algo do revivalismo dos anos 80 que cativava naquela pop e desde então, reuniram os requisitos necessários para me ter a mim e a uma base sólida de seguidores no nosso país.
Vestidos de branco, o duo que encabeça o projecto enfrentava um público dividido. Se por um lado havia conhecedores do trabalho da banda, muitos haviam optado pela tradicional toalha de piquenique para usufruir de música ambiente, umas cervejas e conversa.
A promoção de “Moth”, foi a base do concerto que logo no início abriria com “Look Up”, como aperitivo para um jantar a ser servido logo de seguida em “Polymorphing” e começarmos a ver algumas pessoas do público a puxarem para o pezinho de dança e a gesticularem de forma descontraída o esqueleto.
Reunidas as condições, entre umas palavras de apreço pelo público que já conhecem, onde recordam ser a segunda vez que actuavam no Porto, e os habituais agradecimentos, Polachek acabaria por abrir a pista de dança do Primavera com “Romeo”, onde até os mais cépticos se renderiam aos passinhos de dança.
Contrariamente à ultima actuação em solo nacional, em Novembro no Mexefest, os Chairlift decidiram agarrar num alinhamento transversal aos 3 discos de estúdio, “Moth” (2016), “Does You Inspire You” (2008) e “Something” (2012), como foram o caso de “Bruises” (em minha opinião o melhor tema da banda) que ganhou grande repercussão comercial, sendo o tema do sketch publicitário do Ipod Nano e “I Belong In Your Arms”, onde Polacheck intensifica de forma incorrigível as grandes influências do Synth Pop dos anos 80 na carreira da banda.
Pelo meio houve ainda tempo para a vocalista se desembaraçar das suas botas e de pés descalços, dar aso a uma coreografia de movimentos energéticos e robóticos para acompanhar ainda “Amonaemonesia” e no regresso a “Moth” (2016), “Show You Off”.
A terminar um tributo a Tim Buckley. Foi interpretada copiosamente a canção “Song To The Siren” que arrancaria uma enorme salva de palmas.
No cair do pano e para terminar, o single de avanço de “Moth”, “Ch-Ching”.
Fotos: NOS PRIMAVERA SOUND 2016 © Hugo Lima | www.hugolima.com | www.fb.me/hugolimaphotography