À Conversa com Isaura

Rock in Rio Lisboa 2016

| Quem já não ouviu falar desta voz? Da doçura quase angelical da voz de Isaura, extraem-se memórias e estórias pessoais e por vezes experiências mais íntimas que Isaura consegue, ao transformar palavras em bonitas canções.

Isaura, 24 anos é a miúda que todos falam e pelas melhores razões. Avizinham-se bons ventos para Isaura. Nós por cá, assistimos ao concerto no Palco Vodafone no último dia do Rock in Rio e estivemos depois à conversa com a artista. Vejam o que Isaura tem para nos dizer.

JD: Comecemos pelo final. Isaura, qual é o balanço da tua actuação no Rock in Rio?

IsauraIsaura: Eu acho que as minhas expectativas (…) eu não sabia o que esperar, como o concerto foi cedo, pelas 15H45, a um domingo… mas entretanto não sei o que aconteceu, ficou um dia brutal e as pessoas começaram a aparecer e de repente havia pessoas a dançar e pessoas a cantar e soube-me mesmo bem.
Foi o primeiro concerto com a banda nova, e com a direcção artística do Ben Monteiro. Estamos também com o Miguel Ferrador e com Gonçalo Almeida na bateria e este foi o primeiro concerto a testar a banda, fresquinha e eu estava com muitas expectativas. Entretanto há uma canção nova, a “8”, e queria perceber como é que as pessoas iriam reagir, e a verdade é que soube-me bem, gostei da energia que ali se gerou. Acho que correu muito bem.

JD: Sobre ti. Quem é a Isaura?

Isaura: Quem é a Isaura (risos), isso é uma pergunta muito complicada, porque acho que nós somos (…) eu pelo menos tento ser uma infinidade de coisas ao mesmo tempo e acho que sou uma miúda que, por e simplesmente a forma de guardar recordações e de contar histórias, sempre foi através da música. Sentar-me… não… não tenho paciência para escrever diários nem nada disso. Então mais facilmente me sento e escrevo umas linhas. Foi aí que comecei a perceber que gostava de transformar o que escrevia em canções e portanto desde o tempo em que estou com o meus amigos, a trabalhar, ou a fazer uma coisa mesmo chata e quero é desaparecer dali para fora rapidamente, fui percebendo que isso tudo eram experiências super engraçadas de guardar para canções. As canções são a minha forma de recordar e de guardar esses bocadinhos de mim.

JD: Actualmente e do panorama musical nacional e internacional, quais são as tuas influências em termos musicais?

IsauraIsaura: Eu na verdade ouço de tudo, considero-me bastante eclética. Só não gosto de reggae e canto lírico cantado por senhoras, que me incomodam um bocadinho, mas ouço de tudo. Neste momento, tenho ouvido os novos trabalhos do Justin Bieber ou de Haim que é um electrónico muito fresco. Ouço James Blake, Haim, The XX, continuo a ouvir, alguns trabalhos antigos de alguns artistas. Agora estou um bocadinho vidrada em descobrir o trabalho do Anthony Hegarty (Anohni) que canta a solo. Esta é a última obsessão (…) vou tentando descobrir de tudo um pouco. Eu acho que o giro é tu ouvir imensas coisas e depois filtrar e perceber o que se pode fazer com tanto que se ouve.

JD: És licenciada em Biologia Celular e Molecular, tens um master em comunicação. Onde é que encaixas a música no meio disso tudo?

Isaura: Eu considero que tenho dois trabalhos… dois trabalhos a full time e ao mesmo tempo… às vezes dizem que quem corre por gosto não cansa, mas isso é uma grande treta, porque cansa. Mas a verdade é que com empenho e uma equipa a trabalhar comigo, que de facto sente as coisas de uma forma muito parecida comigo, é possível manter as duas coisas. Eu tenho o meu trabalho e quase que pode parecer super estranho estar numa coisa super prática e depois ter que passar para o mundo criativo… pode parecer estranho. Mas eu não sei se neste momento eu estaria preparada para viver apenas num desses mundos. Eu acho que esse equilíbrio, a mim faz-me bem e a música encaixa em todos os bocadinhos em que eu não estou a trabalhar, seja a mandar emails ou a pensar no que vou fazer a seguir e não paro um bocadinho. Eu gosto disso e vivo bem assim.

JD: Deste nas vistas com o lançamento de “Useless” nas redes sociais. A crítica foi unânime e avaliou positivamente a tua proposta musical, que mistura a pop, electrónica, sonoridades urbanas e até algum revivalismo dos anos 80. Como é que se lida com o facto de um momento para o outro ser-se um desconhecido e de repente teres atenção mediática dos meios de comunicação?

IsauraIsaura: Eu não ligo a nada dessas coisas… passam-me completamente ao lado (risos). Mas sabe sempre bem quando escrevem sobre mim. Eu leio tudo o que escrevem. Sempre que me marcam (taggam) faço questão de ler porque é mesmo bom quando fazes uma coisa de que gostas e te é tão natural e ainda por cima as pessoas percebem e acarinham. Sobre aquilo que escrevem sobre mim, leio quase tudo, também é quase tudo positivo, se calhar o que não é tão positivo, não chega a mim, mas a verdade é que me sabe bem. Não sei se é defeito ou feitio mas eu sou uma pessoa que faz as coisas com muita responsabilidade, porque um comentário bom significa que eu a seguir tenho que o merecer. Portanto, tenho que trabalhar para isso. Leio tudo sempre com muita atenção e sinto por um lado super agradecida por gostarem e compreenderem e logo super responsável por aquilo. É um misto e até agora tem corrido tudo bem.

JD: Que surpresas os teus seguidores terão para breve?

Isaura: Neste momento, há uma canção nova “8”, lançada em 15 de Maio. Eu queria dar uma canção nova às pessoas para elas ouvirem, mas neste momento estamos concentrados em que banda toque muito e passe a ter um live coeso. Vamos apresentar uma canção nova até ao final do ano e depois o álbum, mas por etapas. Por agora vamos tocar, tocar e tocar depois tudo o resto se seguirá.

Fotos: Liliana Moreira

Jornal DÍNAMO
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