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Festival Vodafone Paredes de Coura 2014

Um Festival para quem aprecia mesmo Música

| O Festival Vodafone Paredes de Coura, é já um festival de referência, onde passam grandes bandas, e onde o público é já fiel e sabe exactamente o que procura.

Não é considerado um festival mainstream, e por isso é aqui que muitos dos artistas independentes e que se movem no meio alternativo actuam, a bem do prazer de todos os que os seguem.

Festival Vodafone Paredes de CouraEste ano não foi diferente, e houve grandes nomes e grandes sonoridades que arrastaram fãs, só para ouvir os seus artistas favoritos, mas alguns ficaram um pouco aquém das expectativas.

Definitivamente esta a edição mais alternativa até agora da história deste festival que é já uma referência, não só pela música, mas pelo local onde se encontra.

Mesmo com tantas subidas e descidas as pessoas não parecem muito incomodadas com esse facto, ou não seja este espaço um local idílico com bastante magia.

O 1º dia, os primeiros a actuar no Palco Vodafone, foram os portugueses Capicua, que optaram por dar um concerto numa estrada de terra batida, o que não desagradou, e antes pelo contrário deliciou os presentes.

Seguiram-se os Cage The Elephant. O público pôde sem dúvida ver um concerto eclético, onde se puderam ouvir músicas tão diferentes, como baladas e sons no mínimo enérgicos.

Janelle Monáe era uma das artistas mais esperadas e que deliciou o público.

O seu RNB e o seu Soul ecoaram no Palco Vodafone, produzindo imagens sonoras dignas de uma banda sonora poderosa.

Foi de tal forma fantástica a sua actuação, que o público conseguiu 2encores da artista.

Os Public Service Broadcasting, encerraram o palco neste primeiro dia. Este duo britânico é capaz do melhor da música techno, e sempre com um complemento fortíssimo de imagem.

Franz Ferdinand

Franz Ferdinand

O segundo dia depressa chegou, para aqueles que se deitaram tarde, afinal o dia anterior foi sem dúvida o aquecimento para o que a seguir viria.

Os espanhóis Oso Leone, foram os primeiros a abrir as hostes, no Palco Vodafone. Esta banda tem uma sonoridade acústica por vezes suave, tocando um pouco o dissonante agradável. Foram sem dúvida importantes para começar a aquecer o dia.

Os Seasick Steve, deram sem dúvida as cartas certas. Aos 71 anos, Steven Gene Wold, está sem dúvida em forma para dar grandes concertos.

Acompanhado de bateria, num concerto dado, num celeiro abandonado, o concerto tornou-se intimista, e deliciou os presentes, principalmente na altura em que chamou ao palco uma rapariga a quem dedicou uma música romântica. Há coisas que a idade sem dúvida não pode mesmo apagar.

Não poderia deixar de falar dos Thee Oh Sees que actuaram no Palco Vodafone FM. Sem dúvida que vieram agitar este palco de Paredes de Coura com o seu punk psicadélico, e aqueles que não podem faltar os moches e voos vibrantes que só não fizeram a casa tremer porque não havia paredes, mas Paredes de Coura mexeu.

Agitar o festival também vieram os Franz Ferdinand neste segundo dia de concertos. Com uma das melhores performances, de Paredes de Coura, o facto tem também a ver com o lado mais rockeiro da banda e também com a sua idade e experiência. Não deixando de ser um Rock Indie não deixa por isso de ser rock.

Com uma excelente actuação e uma boa atitude, foi um dos concertos que resultou melhor também em termos cénicos.

O dia já ia bem longo e estava a chegar ao fim o 2º dia, se bem que a folia continuou a noite dentro, sempre muito animados, até porque o 3º dia estava já perto para mais música e animação.

Dos nomes que se salientaram no 3º dia de Paredes de Coura, e que achei importante mencionar destaquei os Linda Martini e os Black Lips que actuaram no Palco Vodafone.

Os Linda Martini foram os segundos a actuar, logo a seguir aos Kilimanjaro.

A banda Kilimanjaro, deu sem dúvida um grande concerto. Com uma sonoridade mais que amadurecida, esta banda já provou tudo o que tinha a provar, mostrando-se digna da actuação, com um grande rock que mexe com qualquer apreciador do género.

Com o palco já quentinho, os Linda Martini vieram aquecê-lo ainda mais. Deram um excelente espectáculo, apesar do alinhamento não ter sido o melhor. No entanto foram melhorando ao longo do desfiar das suas músicas.

Com grande energia, levou o seu público à certa e prendeu-o à sua sonoridade. Donos de um grande poder de comunicação, chamaram as pessoas para o palco para cantarem, o que abrilhantou a actuação.

São sem dúvida uma banda de culto nacional que não desilude.

 

Kurt Vile the Violators

Kurt Vile the Violators

 

Os Black Lips, ofereciam uma grande expectativa, mas foram de alguma forma traídos pelo som.

Com um belíssimo punk indie que ninguém contesta, o concerto não funcionou como devia ter funcionado.

Na minha opinião não sei se foi a melhor escolha para este palco. No entanto a receptividade do público foi boa, ou não fossem donos de uma sonoridade muito própria e de excelência e uma referência do movimento punk indie.

Cut Copy

Cut Copy

No Palco Vodafone Fm, gostaria de salientar a actuação dos Buke & Gase.

Numa onda de concerto surpresa, tocaram num campo de futebol abandonado. Esta é sem dúvida uma banda, boa onda a lembrar tool, mas somente por causa do ritmo. Oriundos de Nova Iorque, este grupo toca com instrumentos feitos por eles, como o “toe-Bourine”, o “Buke”, um instrumento de seis cordas e o “Gase”, um híbrido de guitarra-baixo. Sempre extremamente simpáticos, não posso deixar de mencionar a beleza e a grandiosidade da voz de Arone Dyer.

Com o 3º dia completo, 22 de Agosto, ficou ainda a faltar o 4º e último dia. As pessoas apesar de dormirem pouco, não quiseram perder pitada dos concertos, afinal, este é um dos festivais mais esperados do ano, e nos quais muitas bandas desejam tocar.

Chegados ao último dia do Festival Vodafone Paredes de Coura, a expectativa era grande em relação a algumas actuações.

No Palco Vodafone, destaque para os The Growlers, Beirute e Kurt Vile and the Violators e os Sensible Soccers.

No Palco Vodafone FM destaco 1800 Dinosaur.

Os Sensible Soccers abriram o Palco Vodafone com o seu som hipster. Não faltou dança nesta performance ou não fizesse parte da banda Bueno, o bailarino que se apresenta somente vestido de boxers e meias, dançando ao som de temas minimalistas que envolveram os presentes, com uma tonalidade hipnótica.

Seguiu-se Kurt Vile, do qual já pouco há a dizer, a não ser que o seu rock musculado, arrastado dos anos 70 até mesmo pelo visual, é sempre uma presença que prende as pessoas nos seus concertos.

Kurt lançou o seu 5º álbum de estúdio em 2013 o que lhe deu bastante visibilidade e ao qual deu o nome de “Wakin on a Pretty Daze” e prepara-se para lançar em 2015, um disco em conjunto com o guitarrista Steve Gunn.

Os The Growlers, foram os senhores que se seguiram com uma sonoridade detentora de um vintage rock poderoso. Divertidos, e interactivos com o público, interagiram igualmente com personagens vestidas de crocodilo que energicamente dançaram com eles.

Sem dúvida com grande inspiração em Bob Dylan, este foi seguramente o concerto mais divertido de Paredes de Coura.

Os Beirute foram os penúltimos a actuar no palco principal. Esta é uma banda que não desilude, sem dúvida alguma bons concertos, mas fica por aí.

Quem vai ver Beirute sabe exactamente o que quer ver e não vai com não há perspectivas a mais. Donos de uma sonoridade coerente, dão concertos que são expectáveis, sem grandes surpresas associadas.

No Palco Vodafone Fm, actuaram os 1800 Dinosaur. Este colectivo foi criado a partir das festas de aftershow dos concertos da digressão americana de James Blake, em 2011. Esta banda junta Dan Foat, o produtor inglês Airhead, Klaus, James Blake e o seu baterista Mr. Assister. A sonoridade é uma mistura de garage, dubstep e house. Esta junção, faz com que surja um som diferente de tudo o que conhecemos hoje em dia.

Se praticamente nos tempos de hoje os sons são cada vez mais híbridos este é um bom exemplo de algo ao qual é difícil de dar nome ao seu estilo.

Este ano o tempo sem dúvida ajudou e a chuva não chegou a Paredes de Coura, apesar das noites mais frescas, mas que foram absolutamente compensadas com toda a música e ambiência.

Agora é esperar pelo ano que vem, e pelas bandas que se apresentarem, num dos festivais mais esperados todos os anos.

IMAGENS

Fonte: Jornal Dínamo
Fotos: Jorge Buco

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