FLORENCE + THE MACHINE ao vivo em Lisboa

Um Namoro Infinito

A noite de 18 de Abril, ficou sem dúvida nos anais da história do MEO Arena.
A mítica sala lisboeta voltou a encher-se para receber os britânicos Florence + The Machine, que no espaço de nove meses surpreendem o público português com mais uma actuação, diria, triunfante.
As agendas de cada um, há muito que tinham esta segunda-feira de Abril ultra reservada para uma das apresentações mais emblemáticas da banda em solo nacional.

Taylor Swift recentemente afirmou à revista americana Billbord que Welsh é “magnética e deixa todos à sua volta fascinados pela ideia de estar perto dela”. Pois é!… Nós atestamos e comprovamos a autenticidade e genuinidade que a líder da máquina emana para um público que como sempre retribui com o melhor que pode dar a uma artista como Florence, com efusivos aplausos e uma contemplação ímpar.

Florence, mulher de muitos atributos, não necessita de fogos-de-artifício ou pomposos arsenais de bailarinos a ornamentar um palco.
A poderosa voz, acompanhada da sua máquina, destila gloriosos hinos de amor, excêntricas fantasias, por vezes perversas, mas não menos humanas de quem na vida ama e clama por amor.

“O que a distingue dos outros? tudo!”, nem mais. Tudo em Florence é diferente, e este artigo que poderia ser uma ode de louvor à banda é somente um testemunho de um fã que incansavelmente não esgota o seu amor por uma banda que galopa entre atmosféricos hinos de uma carreira que em menos de uma década, faz da banda uma das melhores do panorama actual.

Cândida e frágil, Florence entra em palco onde agarra nas suas mãos um público com “What The Water Gave Me” do segundo disco de originais “Cerimonials”, rumando de seguida para o energético “Ship to the Wreck”.

Feitiço lançado… a mais de dez mil almas que voluntariamente se entregaram aos caprichos da britânica que para o terceiro tema da noite, haveria de pegar num dos primeiros sucessos da banda do álbum “Lungs”, “Rabbit Heart (Raise it Up)”, onde desafiaria com a sua pujante voz, uma harpa delicadamente dedilhada, para deleite dos presentes.

O remissivo “Shake it out”, um baluarte a uma noite de ressaca que por terras lusitanas tem um efeito quase hipnótico junto do público, abriria uma sucessão de sucessos como “Delilah” que revela ser um dos temas mais carismáticos ao vivo e diabolicamente fez a artista correr insaciavelmente o palco que é seu por mérito próprio ou ainda “Sweet Nothing”, tema do produtor e DJ Calvin Harris ao qual Florence empresta a sua voz e que no MEO Arena competiria com a guitarra de Robert Ackroyd, tornando-o o tema num momento electrizante.
O momento mais intimista da noite e que sossegaria o demónio que Welch tem em si, viria com “How Big, How Blue, How Beautiful”, homónimo do recente disco, editado no ano passado, sucedendo-lhe temas como o celestial “Cosmic Love” abrilhantado por uma fila da frente a presentear a artista com corações – surpresa previamente combinada por um grupo de fãs no Facebook para o tema em causa – “Obrigado por me darem os vossos corações, eu também vos dou o meu!”

Este que foi um concerto único e o primeiro em nome próprio no MEO Arena, tantas vezes elogiando a artista, a beleza e grandiosidade da sala, ficaria ainda marcado com outros temas do ultimo álbum – “Long&Lost” e “Mother” – não tão mainstream, mas que encaixados no momento certo tornaram o momento repleto de uma contemplação que há muito não se via, por uma artista tão versátil e calorosa com um público que sabe como a ter a seus pés, mas sem vedetismos sabendo retribuir essa devoção.

“Queen of Peace”, voltaria a tornar o espectáculo electrizante, esta que é uma das faixas mais deslumbrantes de “How Big, How Blue, How Beautiful”, foi deliciosamente entoado por uma plateia incansável e naturalmente insaciável. Em “Spectrum”, mais uma parceria com Calvin Harris, voltaria a por o público aos pulos.

Em tom de despedida, naturalmente alegando o cansaço de seis concertos em sete dias, Florence não se fartou de elogiar a plateia, bem a exemplo do que já havia acontecido em Julho no mesmo local do crime.
Numa das declarações de amor aos portugueses, pediu para os presentes se abraçarem e beijarem, aludindo a necessidade essencial de dos amarmos mutuamente e assim reunindo as condições para uma explosão de amor e para o cover de “You’ve Got a Love”, original de 1986 dos Candi Staton.

No encore e para fechar em chave de ouro, “What Kind of Man”, “Dog Days Are Over” e o triunfante “Drumming Song”.

Uma hora e meia de concerto com o brinde de a cantora ter-se referido ao espectáculo em Lisboa como o melhor da extasiante sucessão de 6 concertos numa semana.

Um público francamente satisfeito e claro está, necessitado de uma visita da banda para breve, porque em equipa vencedora não se mexe, Florence + The Machine será sempre uma aposta ganha.

Fotos: Everything Is New

Jornal DÍNAMO
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