Decorreu no fim-de-semana de 9, 10 e 11 de Setembro a terceira edição do que já é considerado o festival mais bonito da cidade de Lisboa.
Os atributos do Lisb-ON #Jardim Sonoro são muitos, que passam pela programação musical, conjugada com uma paisagem bucólica urbana, trazendo ao Parque Eduardo VII uma vida fresca e serena que se confunde com as sonoridades electrónicas, que vão passando pelo palco do último festival da época estival.
O Jardim Sonoro, desde a primeira edição que se tem assumido como uma marca em nome próprio e que não encontra sustento nos produtos patrocinadores que têm tomado conta da indústria dos festivais.
O ADN do Lisb-ON é carimbado pela simplicidade e prima pela aposta no cartaz que como a própria organização assume, ser “é uma experiência que desperta os sentidos. Uma combinação de herança e música, turismo e cultura, lazer e prazer, num único conceito – uma festa diurna num jardim que consideramos nosso. O Lisb-ON #Jardim Sonoro é isto. Mais que isto. É a festa mais cool da capital. Uma marca que se destaca pela singularidade. Um groove especial para ser visto, ouvido e sentido.”
O primeiro dia, como é apanágio do evento, começou logo pelas 14H00 com a entrada em palco de Mary B. A elegância e os ambientes íntimos recriados pela DJ convidaram os presentes a saborear as sinestesias variadas a que o espaço em perfeita harmonia com a música, catalisaram para os presentes.
A sua eloquência materializa-se nos sets sensíveis e ecléticos, que fazem da DJ uma presença incontornável, que com a sua experiência à frente de programas na Rádio Oxigénio, faz dela, a melhor opção para abertura deste festival.
Durante o dia subiriam ainda ao palco artistas para Dj sets e actuações que abrilhantariam o Parque Eduardo VII com uma programação chill out e techno que se pautou pela diversidade e onde as palavras de ordem foram boa disposição.
Claro está que, a grande atracção da noite seria Herbert.
O artista mais do que um Dj, é um “one man show” que na década de 90 samplou sonoridades tão distintas como electrodomésticos ou sons do corpo humano para construir matéria rítmica, que o fez “rasgar jornais” e manipular o som para passar muitas das suas mensagens políticas.
Ao Lisb-ON #Jardim Sonoro, Matthew Herbert trouxe-nos a reconciliação com a EDM onde a carga dramática, encontra-se no jazz e soul, desafiando assim os paradigmas da música electrónica.
O segundo dia, ficaria desde logo marcado com a notícia, de que um dos membros de Tales of Us, não poderia subir ao palco por razões de saúde.
Mas o sonho musical que os italianos Karm e Matteo transformaram em realidade, não se desintegraria no Jardim Sonoro, e a doença de Matteo não comprometeria a actuação, que na boca dos presentes foi divina.
A dupla que desde 2010 dá cartas nas pistas internacionais, com o lançamento de “Thugfucker”, remistura de disco “Gnome”, rapidamente se tornou numa referência para a techno e house.
A equação matemática que agrega elementos pop, rock e techno, faz com que Tales of Us sejam um pináculo, com o qual os grandes festivais já não conseguem passar e a crítica tem sido unânime em associar a dupla, à melhor qualidade nas pistas de dança. Qualidade que pudemos provar no Lisb-ON. Ouvir Caribou – Can’t Do Without You
No encerrar do festival, entre umas tardes ensolaradas e regadas de fanfarras a animar os intervalos dos concertos, os Jungle fariam as delícias dos presentes.
O funk e pop numa junção harmoniosa, só poderiam resultar num dos projectos mais bem-sucedidos da música actual – os Jungle. Para tal o recurso aos hip e trip hop e alguns apontamentos de reggae fazem dos britânicos uma das bandas mais emocionantes de se assistir ao vivo.
O Lisb-ON não foi indiferente à banda e não ficamos indiferentes à energia do pop estilizado e carregados das texturas funk que nos encheram o coração durante mais de uma hora.
A solidez com que a banda liberta os seus temas mais pujantes, só poderiam contagiar de boa disposição a audiência que por si só, já se encontrava com o aquecimento mais do que feito, para dançar até à meia-noite, no encerrar deste último festival de verão.
Em resumo, nem só os grandes festivais fazem as delícias dos festivaleiros. Também aqueles bem pequeninos são apetecidos e quiçá, os que melhor memórias nos trazem, tal com as memórias de infância, felizes no jardim lá de casa.
Fotos: Lisb-ON