Bruce Springsteen – Lisboa, a Terra Prometida
Antes de tudo, façamos as devidas vénias ao homem que com 67 anos, que atrai um rebanho de fiéis com mais de 40 anos de devoção. Devoção? Sim! Porque acima de tudo, Boss tem uma carreira irrepreensível, é um acérrimo activista de causas que não são perdidas mas essenciais para a construção de um mundo mais solidário e humanamente respirável.
As 67 mil pessoas que estiveram presentes, sabem que estão perante um artista que respeita o seu público e que depois de um dia de trabalho, estão a gastar do seu dinheiro para ali estarem a ver um artista que acompanhou a vida, escreveu autênticas bandas sonoras de cada ser ali presente.
E como se retribui um público fiel? Com quase três horas de concerto, numa celebração singular e com um sorriso para uma assistência que retribuía com aplausos e coro aos seus hinos que soam como odes poéticas.
Bruce, é um Senhor na verdadeira ascenção da palavra e os olhos do Boss reflectem a mesma emoção que o público tem naquele momento de comunhão que também teve direito à assistência da cantora britânica Adele – recorde-se que Adele actua nos dias 21 e 22 no MEO Arena.
Pontualmente pelas 23H45, Boss acompanhado pela E Street Band, davam início a uma viagem que começou logo pela “Badlands” do álbum de 1978, “Darkness and The Edge of Town”, inaugurando em Lisboa, a digressão “The River Tour 2016”.
Durante as quase três horas de concerto, o mote seria uma revista sobre os grandes sucessos das década de 70 e 80, com temas, mais para os fãs entendidos no cancioneiro do artista norte-americano, como “ No Surrender”, “Cover Me”.
O primeiro grande momento, seria quando Bruce, começa a perguntar à assistência se estava faminta? A resposta natural já se adivinhava e teríamos as portas abertas para “Hungry Heart” que foi entoado pelos presentes para júbilo do artista que estava rendido à assistência.
Com o público mais motivado para responder aos desafios lançados e vozes aquecidas, nunca Lisboa deixou Bruce desapontado e nem Bruce deixaria a cidade do Rock sem se surpreender, com as idas sistemáticas junto da multidão de fãs, dedicando tempos para as fotografias e as roupas que ia vestindo dos fãs.
E como o tempo não poupa, na noite do Boss quem teve poder para mandar foi mesmo o artista, que durante as quase três horas lembrou ainda “The River (Because the Night)”, mais uma para gáudio dos presentes, bem como “The Rising”, “Born in USA”, “Glory Days”, “Dancing in the Dark”, “Tenth Avenue Freeze-Out”, encerrando com chave de ouro com “Twist & Shout” e “(Bobby Jean)”.
Feitas as contas, foi um concerto com um alinhamento distinto de anteriores vindas a Lisboa, mas que compensou por ser uma noite de magia com uma viagem nostálgica a um reportório de luxo, que o Boss proporcionou no primeiro dia da edição de 2016 do Rock in Rio Lisboa. //LMP
Fotos: Liliana Moreira