O Trio Maravilha
| E se de repente ouvíssemos um som que nos levasse para cenários etéreos e que nos fizesse crer, que estávamos numa conjugação entre, The XX e Florence and the Machine?
Improvável? Não! Afinal estamos a falar de London Grammar.
A proposta deste trio britânico originário de Nottingham, apresenta-se sob o nome de “If You Wait”, o seu primeiro trabalho de originais editado em Setembro de 2013, após o primeiro EP “Metal&Dust”.
À primeira vista e se escutarmos acidentalmente uma música (a título de exemplo, “Maybe”), vamos ficar com a sensação que Florence Welsh se aliou a Oliver Sim e ficamos num paralelo entre “Stars” e “Never Let Me Go”.
Embora esta banda já não seja uma descoberta no universo da indie/pop, vale a pena parar e escutar com a atenção merecida.
Desde o lançamento de “Metal&Dust” em Fevereiro do ano passado, que o trio constituído por Hannah Reid, Dan Rothman e “Dot” Major, despertaram as atenções do mundo, como sendo uma das mais promissoras bandas de 2013.
Contudo, devo assumir o meu pecado quase capital… tenho algumas dificuldades em dar o devido carinho a bandas que à partida não apresentam um som capaz de me arrebatar à primeira. Durante estes meses negligenciei de tal forma, London Grammar ao ponto de não me permitir mais a esse luxo.
Falo portanto de um trio em que Hannah Reid é a timoneira da banda e carrega na sua voz, melancolia e uma celestial carga emocional capaz de arrebatar os corações mais gélidos ao mesmo tempo conjugando um som atmosférico e soberbo, que nos leva a viver momentos de uma estranha beleza solitária.
Torna-se contudo impossível as inevitáveis comparações a vozes como, Florence Welsh ou Natasha Khan (Bat For Lashes).
Em “If You Wait”, iniciamos a jornada com “Hey Now” e “Stay Awake” que em tudo se assemelha aos The XX, espelhando assim a guitarra de Romy Croft e dos preciosos dedos de Oliver Sim no baixo.
É contudo no género, que encontramos espaço nos nossos corações para os London Grammar, que evocam temáticas entre o amor e os relacionamentos emocionalmente complexos do íntimo de cada um.
Entre “Sights”, “Strong” e em especial ”Nightcall”, claramente notamos um protagonismo partilhado entre o piano de Major, a guitarra de Dan Rothman e voz enternecedora de Hannah Reid (onde invariavelmente somos obrigados a recordar Beverly Craven em “Promise me”).
Arranjos simples, temperados com batidas crescentes, resultam em finais majestosos com recurso a vocais notáveis e claramente intensos, evidenciando-se em “Darling Are You Gonna Leave Me”, “High Life” ou no extraordinário “Maybe”.
Os acordes, muitas vezes improváveis e o decrescente volume em algumas faixas, assumem o papel de sussurros, que transmitem a ideia de atmosferas soturnas.
Destaque ainda para, “Metal&Dust”, single do EP homónimo e para a parceria excepcionalmente bem conseguida entre a banda e os compatriotas Disclousure (duo britânico de musica electrónica) em “Help me loose my mind”, que se encarrega de nos dar as batidas mais dançantes.
Em jeito de conclusão, London Grammar é uma descoberta agradável, após meses de intencional alheamento, sendo sem dúvida digna de ser ouvida com respeito, ainda que determinados preconceitos nos levem invariavelmente as comparações justificadas com bandas pioneiras do género.
Foto: www.facebook.com/londongrammar