Facebook Pixel

NOS | Dia 2: O Dia das Escolhas

NOS Primavera Sound 2014

nos_logoE ao segundo dia do Festival, não se cumpriu a temida profecia gerada em torno do clima e muito embora pairasse a ameaça constante de chuva que poderia estragar a festa, São João, padroeiro do Porto, lá meteu uma cunha a São Pedro e fez-se o tempo ameno que permitiu uma atmosfera quase bucólica para desfrutar de mais um dia de um luxuoso cartaz da iguaria musical do Primavera Sound (porque afinal entre negociatas divinas, nós cá não nos metemos e até agradecemos o auxílio).

Há um aspecto, no entanto, que gostaria de partilhar: no segundo dia do Festival, para além dos Palcos NOS e Super Bock, foi possível usufruir ainda dos palcos ATP e tenda Pitchofork (sonoridades electrónicas). Por muito que eu quisesse acompanhar todos os concertos, esta tarefa foi humanamente impossível, pelo que tive naturalmente que fazer uma selecção de concertos relevantes e que considerei mais importantes.

Da multiplicidade de gostos, havia que ter a sorte de estar no sítio certo para poder degustar do melhor que o Primavera tinha para nos oferecer.
Os adereços florais engalanavam as meninas e os copos de imperiais eram os fiéis companheiros da rapaziada que entre um cigarro e dois dedos de conversa aguardavam, o que eu considero o dia mais gratificante no desbravar da música alternativa.

Como já referi no testemunho do primeiro dia, a pontualidade foi religiosa e a organização e os artistas foram de uma educação invulgar em não fazer o público esperar, pelo que naturalmente pensava no cavalheirismo que ainda existe quando lembramos que há pessoas que gastam entre €55 a €110 para ir a um festival.

Como era sexta-feira e embora andasse meio mundo no Primavera, o Porto não parou a sua actividade normal e a cidade lá aprontou das suas e lamentavelmente não consegui assistir ao concerto dos HHY&Macumbas, Torto e Vision of Fortune.

Entre Bamnam and Silvercork e Antiphon

MIDLAKE

MIDLAKE

São 18H50 a marcar no relógio e entram em acção os Midlake. Calma, a acção é meramente inércia da tranquilidade do movimento caminhante da banda para o palco, até porque os Midlake não têm na sua carteira de adjectivos, serem uma banda capaz de arrebatar pela máquina mas sim pela magnificência com que conseguem cativar as atenções na sua espiral entre o pop e o rock.

Os norte-americanos de Austin – Texas, têm já uma carreira de 15 anos e 4 álbuns de estúdio que tem oscilado entre o folk rock, influenciados pelos compatriotas Fleet Foxes e o pop da década 80, o qual se integrou perfeitamente na harmonia que se vivia por aquela altura no recinto.
Os MidLake abriram a actuação com o tema “Head Home” do álbum “The Trials of Van Ocuppanther” e entre visitas que foram aos temas mais antigos dos tempos de Bamnam and Silvercork e aos mais recentes de Antiphon  (editado em 2013).
Os Midlake têm um modus operandi apoiado em vocalizações intensas, postulando a receita em refrões que assentam emback vocals onde demonstram a intensa sonoridade que resultou numa quase perfeita actuação.
Temas como “Provider” ou ”Roscoe” foram recebidos com carinho e clara empatia do público com a banda que ao longo da actuação mostrou simpatia e boa disposição. Não poderei esquecer a quase perfeita saudação em português do teclista da banda, Jesse Chandler, que viveu no nosso país durante 4 anos e mostrava-se “feliz por estar no Porto e pela chuva ter parado” ou um quase evidente e invariável louvor ao nosso Vinho do Porto.

WARPAINT

WARPAINT

Entre palmas e alguns assobios em jeito de agradecimento dos presentes, já se começava a ver o enorme aglomerado de festivaleiros que se começavam aproximar do Palco NOS para assistir a um dos mais aguardados concertos do segundo dia – Warpaint.

Pelo meio ainda deu tempo para abastecer uma imperial e encontrar colegas de trabalho, amigos de infância e estrangeiros que foram metendo conversa ou porque precisavam de dicas para um restaurante com comida típica portuguesa ou simplesmente porque queriam comentar o concerto que acabaram de assistir ou aguardavam para ver mais tarde.

O Primavera é daqueles festivais em que qualquer um pode ir sozinho e nunca se sentir abandonado (talvez porque a descontracção é a aliada perfeita do espírito de convívio) … há sempre espaço para uma troca de impressões sobre uma ou outra banda que se quer ver com um ilustre desconhecido que momentaneamente partilha sem vergonhas nem receios, um ou outro palpite.

Composta a plateia, começam a chegar as miúdas que trazem na bagagem o mais recente trabalho de originais, o homónimo Warpaint.
Oriundas dos Estados Unidos – Los Angels, as Warpaint são uma banda praticante do dream pop, com contornos atmosféricos onde partilham sonoridades entre bandas como Beach House ou Siouxie&The Banshees.
A ornamentar o cenário em formato gigante, a bela capa do último álbum que num jogo de ilusão óptica e num excepcional trabalho de fotografia mostram as integrantes da banda.

Numa onda bem cool e sem reclamar grande protagonismo eis que se apresentam em palco Emily Kokal (vocais e guitarra), Theresa Wayman (guitarra, teclado e vocais), Jenny Lee Lindberg (baixo e vocais) e Stella Mozgawa (bateria e teclados), em modo bonecas “Monsters High” para nos saciar uma sede crescente que vinha desde 2011, ano em que deram o seu primeiro concerto em Portugal, no Festival Paredes de Coura.

O cenário enublado caia bem com o concerto, ao que para abrir foi escolhido o tema “Undertow”, título do primeiro disco de originais “The Fool” editado em 2010, sucedendo-se de imediato o provavelmente e pessoalmente mais interessante tema da banda “Love is to Die”, do mais recente trabalho de originais.

Atrás de mim, surpreendentemente encontrei pessoas que no meu dia-a-dia me cruzo e vejo num tom composto e formal de fato e gravata, mas que num ambiente diferente até cantaram comigo em uníssono “Love is to die, love is to not die, love is to dance…”
Numa textura orgânica e sem grandes oscilações, apoiando a actuação em vocalizações das demais integrantes, sucederam-se “Disco//Very” entre muitas outras com especial destaque para o tema “Ashes to Ashes” do camaleónico Deus da pop, David Bowie.
Em resumo, um concerto que preencheu as nossas expectativas.
Naturalmente não se pode dizer que foi excepcional, mas fica a esperança de uma eventual visita ao nosso país a título individual, quiçá numa Aula Magna.

Por esta altura já eram umas 21H00 e pelos palcos ATP já haviam actuado os Follakzoid e os Television performing “Marquee Moon”, que com muita pena não consegui ver mas que foram relembrados pelas compatriotas Warpaint.

Página seguinte

Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial
Instagram