Rock in Rio Lisboa 2016
No quarto dia do Rock in Rio, as opções foram diversas e agradaram a gregos e troianos. Chuva, muita, mas nada que demovesse os apreciadores dos Maroon 5 e Ivete Sangalo, como os grandes cabeças de cartaz da noite de sábado.
Como o Rock in Rio não se faz apenas no Palco Mundo, fomos dar atenção também ao Palco Vodafone e aos talentos que por lá passaram e estão a dar cartas na música alternativa.
Capitão Fausto – Não tem os Dias Contados, Não!
A banda lisboeta, Capitão Fausto, formada pelos amigos de liceu Tomás Wallenstein, Manuel Palha, Francisco Ferreira, Domingos Coimbra e Salvador Seabra, são uma espécie de grupo de betos que faz rock mas não é para betinhos. Pelo contrário, Capitão Fausto são uma banda que emergiu com uma proposta orgânica, condensando temas próprios e ousados.
Capitão Fausto, preservam irreverência, agradam e são agradáveis pela música que fazem e com uma bandeira hasteada… a da língua portuguesa como opção e não por obrigação.
Se alguém diz que o português é uma língua difícil para se cantar, os Capitão Fausto provam que não é impossível e que até é bem melódico, tal como a proposta da banda, um rock melódico que injetaram ao público numa tarde sui generis entre o frio e a chuva.
O terceiro álbum da banda, “Capitão Fausto, Tem os Dias Contados”, foi o fogo que alimentou a actuação dos portugueses, tendo incendiado a plateia quando tocaram “1015”.
Outros temas que acabariam por aquecer a tarde como “Alvalade” e o “Amanhã Tou Melhor” acabariam por fazer da actuação dos Capitão Fausto um sucesso que foi agradecido de forma muito particular pelo líder da banda, Tomás Wallenstein, a dizer que a banda e o público eram “muito bonitos”.
Ivete Sangalo – Um Amor Incondicional
A incendiária Ivete Sangalo, trouxe pela sétima vez ao Rock In Rio mais uma actuação que envergonha artistas internacionais, no que respeita à adesão do público português num espectáculo da cantora nascida na Bahia, que é a cada aparição um luxuriante momento de descontração e reviver momentos com deliciosas canções de axé e forró.
O reportório da cantora brasileira, já todos sabemos, mas é sempre um momento que tanto portugueses, como brasileiros emigrados em Portugal e Espanha, aproveitam para matar saudades da energia contagiante de Ivete Sangalo.
O Rock in Rio, desde a primeira edição em Portugal, patenteou a artista como uma embaixadora do evento no Brasil e além-fronteiras e em melhores mãos seria impossível colocar tal responsabilidade.
Segundo a Organização do evento, até à hora do início do espectáculo, entraram no Parque da Bela Vista 85 mil pessoas, para uma celebração graciosa de música e alegria.
No alinhamento, músicas intemporais da carreira da artista marcam o dia como o próprio nome da canção de abertura “ Tempo de Alegria”, que começaram logo por contagiar o público numa recepção entusiasta a Ivete.
Como o tempo não estava de brincadeiras e a chuva ameaçava a segurança da artista, imediatamente os saltos altos foram trocados por dois seguranças, por uns sapatos que permitiram a cantora, saltar, rebolar e correr o Palco Mundo.
E porque Ivete gosta de abalar os corações dos portugueses, em “Abalou”, arrancou por definitivo o público do chão que saltou enquanto a artista baiana rodopiava pelo Palco Mundo, desafiando sistematicamente o público a responder em uníssono aos seus refrãos.
Pelo meio, Ivete aproveitou a ocasião para recordar que ela e os portugueses, tem uma história muito antiga que havia começado nos tempos da Banda Eva. Agradecendo humildemente o carinho e mérito que os portugueses sempre lhe reconheceram, introduziu o tema “Could You Be Love”, tema emblemático do artista Jamaicano, Bob Marley.
Momento também para felicitar Ivete, que no dia anterior fez 44 anos e contou com 85 mil pessoas a cantarem os parabéns à artista, que preserva em si uma jovialidade ímpar e uma energia alucinante que arranca qualquer pé do chão.
Para terminar, como não poderia deixar de ser, “Sorte Grande (Poeira)”, popularizada como Poeira, encerraria a actuação efusiva a energizante da brasileira que atraiu milhares ao parque da Bela Vista, que apesar de molhado acabou mesmo por levantar a esperada poeira de Ivete Sangalo.
Um final feliz e satisfação claramente estampada nas caras dos presentes.
Maroon 5 – Move Like Jagger
Das 85 mil pessoas no Parque da Bela Vista presentes no concerto de Ivete, estariam sem arredar o pé, naturalmente, as mesmas para assistir ao concerto dos Maroon 5.
Advinhavam-se os milhares de fãs, maioritariamente do sexo feminino, que se aglomeraram e lá se iam encaixando o mais à frente possível do Palco Mundo para admirar Adam Levine a cantar um bom leque de sucessos da banda – “impróprio para cardíacos” desabafava uma fã.
Se na primeira actuação em solo lusitano foram felizes, repetindo a façanha em Novembro último no MEO Arena, no Rock In Rio acabariam por consagrar todos os motivos porque atraem os holofotes para si e algum histerismos em torno dos Maroon 5, que se comprovaram na actuação.
Para o cardápio, um alinhamento que atravessa a carreira da banda, uma vez que o ultimo álbum “V”, já foi editado em 2014. Mas pelo ambiente que se vivia às 23H45, um alinhamento não focado num só trabalho de estúdio, era tudo o que se pedia.
Com “Animals” logo na abertura do concerto, previa-se que Adam Levine e companhia teria a hora e meia que se seguia, um público devoto a delirar com temas como “Harder”, “Stereo Hearts”, “Maps”, “Sunday Morning” (…)
Adam Levine não é um cantor a solo, mas o seu carisma que também transborda um swag muito admirado pelo público, alia-se a uma banda que conta para além do vocalista, que sustenta os falsetes de forma consistente, James Valentine e os seus impressionantes solos que por vezes desafiam claramente a voz de Levine a um outro patamar (não podendo fazer comparações com Sting), a roçar a soul e algum funky.
A actuação foi sem dúvida transversal a todos os 5 álbuns da banda (foi para fãs e para os pontuais ouvintes) pois houve direito a temas para dançar e cantar e acompanhar o frontman da banda no seu jogo de ancas que por vezes rivaliza com Ricky Martin e faz as delícias das seguidoras que retribuem com gritos e louvor.
A satisfação estava escancarada na cara do público e a banda retribuía da mesma forma com agradecimentos e claro, Levine provoca e sabe que o bom jogo de charme leva o seu público ao êxtase a cada ida à língua para cantar no meio da assistência.
Nós que estávamos cá por cima, claro, estávamos de smartphone na mão a postar nas redes sociais o momento do concerto… e não é que as fotos ficavam sensacionais com a leve impressão de que Levine estava a levitar sobre o público.
No encerramento “Payphone” e “Sunday Morning”, hits da rádio, anteviam um encore que terminaria a noite com o sucesso de pista de dança “Moves Like Jagger” e “Sugar”, autênticos bastiões da pop da última década que foram entoadas e dançados até a último segundo.
A terminar deixo o alinhamento completo dos Marron 5:
Animals
One More Night
Stereo Hearts
Harder
Lucky Strike
Wake up Call
Love Somebody
Maps
This Love
Sunday Mourning
Payphone
Daylight
Encore:
She Will
Moves Like Jagger
Sugar
Fotos: Liliana Moreira
RiR Live Report