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“Mas afinal quem és tu, ó D. Maria da Fonte?”

Centro Cultural da Malaposta

| A Rainha Dona Maria II sofre de uma terrível enxaqueca e tem pesadelos tremendos com uma tal Dona Maria da Fonte, que não se sabe ao certo quem é… e por isso encarrega o Padre Inácio de pôr tudo em pratos limpos, pois que essa mulher guerreira minhota já deu água pela barba que baste aos Ministros Cabrais!!!

Este é o mote para mais uma peça de teatro encenada pelo irreverente Fernando Gomes, sempre com um tom de ironia e comicidade tão espectacularmente representados por actores com grande uma grande dose de talento e profissionalismo.

Equipa D. Maria da FonteO Jornal Dínamo, quis saber um pouco mais acerca da motivação de Fernando Gomes acerca desta peça. “Eu para dizer a verdade não conhecia muito sobre a história da Maria da Fonte. Esta ideia saiu da cabeça do Castro Guedes, Director Artístico Teatro do Noroeste – Centro Dramático de Viana do Castelo, que me pediu para escrever um texto sobre a Maria da Fonte para o estilo de espectáculos que eu faço e que ele bem conhece. Pesquisei sobre a Maria da Fonte, pesquisei e encontrei muito material sobre esta pessoa enigmática. Acabei por fazer este espectáculo um pouco com a base de que ninguém sabe bem quem foi a Maria da Fonte. Existiram alguns autores que escreveram sobre a Maria da Fonte, como por exemplo Camilo Castelo Branco. No entanto, ninguém garante quem ela foi. Com o passar dos anos começaram a aparecer muitas Marias da Fonte e todas elas queriam ser a mulher que deu nome à revolta. Certezas… não existem”.

Quanto a colocar o espectáculo de pé, Fernando Gomes contou que lhe deu muito gozo fazê-lo. “Achei este projecto, um grande desafio e resolvi aceitá-lo. Reza a história que tudo começou, porque o povo mais uma vez não estava contente com as reformas, o que é também bastante actual nos dias de hoje – parece que a história se repete – (risos). Nessa altura aconteceu uma coisa que nos nossos dias é impensável: não havia cemitérios e as pessoas eram naturalmente sepultadas nas igrejas (dizia-se que a alma da pessoa seria salva se fosse enterrada em solo sagrado). Quando saiu a lei da saúde na época, isso deixou de acontecer e saiu a proibição de as pessoas serem enterradas nas igrejas. Houve uma senhora que se chamava Custódia que morreu e a família quis enterrá-la na igreja, contra a lei imposta e claro que as autoridades apareceram e tiraram-na da igreja e levaram-na para um monte. Isto não ficou por aqui porque a família não se conformou e a senhora andou da igreja para o monte e do monte para a igreja. Esta situação foi a gota de água para a revolta”.

Peça D. Maria da FonteÉ natural que tivesse havido uma mulher que tivesse tomado a dianteira porque em todos os tempos houve mulheres fortes e determinadas. Existir, existiu… quem foi? Ninguém sabe.

Quanto à casa mais uma vez escolhida o actor e encenador diz que é uma das melhores. “O tema é engraçado, e fazê-lo aqui na Malaposta é sempre um prazer. Penso que a Malaposta é um espaço cada vez melhor e mais cultural e já se habituou aos espectáculos que aqui apresento. As pessoas têm também aderido bastante bem. Este é já o 4º espectáculo que faço, e sinto que o público que aqui vem se diverte bastante”.

Quanto ao teor do espectáculo Fernando Gomes fala da sua predilecção pelo séc. XIX. “Tenho uma grande paixão por autores e temas portugueses, por personagens que fazem parte da nossa história e pelo século dezanove, onde me inspiro muitas vezes para a construção de espectáculos. Daí que, naturalmente, o convite de Castro Guedes me deixou deliciado. Gosto de “mudanças”, conhecer outras pessoas, trocar experiências, sair da rotina, e felizmente o trabalho a que me dedico permite-me também tudo isso”.

Nesta peça podemos encontrar os actores: Elisabete Pinto (Rainha D. Maria II; Maria Angelina), Ana Perfeito (Maria Micas; Josefa Antunes; Maria Balaio), Sílvia Santos (Maria Ricardina; Maria Milagreta), Tanya Ruiva (Maria Laurinda; Joaquina Carneira; Maria Lassalete), Ricardo Simões (Bobo; Manel Antunes; Maria Rapaz), Tiago Fernandes (Padre Inácio; Geirinhas), Vítor Nunes (Médico; João Maria).

Este é um assunto que faz parte da nossa história.

Se deseja passar um bom bocado – rir, sorrir, ou simplesmente relaxar com uma peça divertida, não deixe de ver “Mas afinal quem és tu, ó D. Maria da Fonte?”, mais uma criação de Fernando Gomes, que já trouxe a esta casa com arte peças como “Zé do Telhado”, “Rosa Enjeitada” ou “Du Bocage In Love” com enorme êxito.

“Mas afinal quem és tu, ó D. Maria da Fonte?” estará em cena de 19 a 29 de Junho.

Fotos: Pedro Sousa Filipe

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