Já estava predestinado a ser?… é bem possível que sim, ou pode-se dizer que aconteceu mesmo. O segundo trabalho da artista Adriana “O que tinha que ser” é uma realidade e está aí às portas de ser editado a 7 de Março.
O Jornal Dínamo esteve à conversa com a cantora no “Clube VII – Health & Fitness Club”, onde nos falou um pouco do seu percurso e deste seu novo trabalho.
J.D. – Adriana, é uma mulher de muitos ofícios. Escreve, compõe, canta, toca piano, ainda tem tempo para tocar guitarra e aprendeu a tocar flauta no conservatório.
Adriana: Sim (risos), mas a flauta é o meu instrumento principal e foi com ela que eu comecei na Fundação Musical dos Amigos das Crianças que é o equivalente ao conservatório e terminei o curso aos 16 anos, daí a flauta ter sido o instrumento que mais me tem acompanhado. Foi com a flauta que eu ganhei a bolsa para ir estudar para os Estados Unidos, foi com a flauta que tirei o curso na “Berklee College of Music” e usei-a tanto no primeiro álbum como neste. Para além disso também toco, piano e guitarra acompanhados da voz que é o meu instrumento mais imediato.
J.D. – Considera que o facto de compor, escrever e cantar, torna todo o processo numa simbiose perfeita?
Adriana: Sim. Eu gosto muito de todas estas facetas. Gosto muito do processo de composição, de interpretação das canções quer seja em estúdio, quer seja ao vivo, apesar de que ao vivo acaba por ser melhor porque estou a actuar para um público que acaba por ser o segundo autor das canções porque me considero só a mensageira. As pessoas ouvem as canções e depois deixo-as atribuírem-lhe o seu próprio significado, o seu próprio sentimento.
J.D. – Brincando um pouco com o título do seu novo trabalho: “O que é que tinha que ser”?
Adriana: (risos) … este álbum tinha que ser, sem dúvida é isso. Escolhi este título por várias razões. É também o nome da primeira faixa que é uma das duas covers que tenho neste álbum. É uma música de António Carlos Jobim e de Vinicius de Moraes, por isso resolvi dar o nome ao álbum pelo título dessa canção e porque eu sinto desde há uns tempos para cá e agora também, que tudo é cada vez mais o que tinha que ser e que acaba tudo por ser o que tinha que ser.
J.D. – Voltando um pouco atrás, a Adriana, fez uma audição em Paris e foi lá que ganhou uma bolsa para ir estudar para a “Berklee College of Music”, em Boston. Conte-me um pouco como tudo aconteceu, que referências trouxe de lá?
Adriana: Sim, foi precisamente assim que aconteceu. A experiência que tive na Berklee foi muito importante, não só a nível musical mas também a nível pessoal. Para mim viver noutro país foi uma experiência fantástica e naturalmente estudar nesta escola foi sem dúvida para mim essencial porque abriu muitos caminhos, expôs-me muita música. Foi uma experiência muito completa e muito gratificante.
J.D. – “Sem fazer Planos” é o primeiro single que saiu deste segundo trabalho. Foi uma escolha propositada?
Adriana: Eu por mim escolhia todas (risos), para mim são todos primeiros singles, as músicas são todas minhas filhas, mas esta é uma canção à qual as pessoas têm reagido muito bem. Tem um sentimento ao qual as pessoas se identificam muito, quer seja aquela pessoa que faz muitos planos, quer seja aquela que não faz planos. Esta música tem a ver com os planos darem certo, ou não darem certo, é o que tinha que ser (risos).
J.D. – Sei também que há três canções suas que fizeram parte de uma banda sonora de uma telenovela.
Adriana: Sim, foram 3 canções que entraram na telenovela “Meu Amor” que ganhou um “Emmy”. O “Cara ou Coroa” foi uma delas e que foi também nomeada para os “Globos de Ouro”. Sem dúvida foi muito gratificante, é sem dúvida uma felicidade e mais uma prova de reconhecimento e de apoio por parte de Portugal e dos portugueses e isso ajuda-me a continuar a fazer o que faço e claro que isso é motivante.
J.D. – Fazer música em Portugal e lá fora. Quais são as grandes diferenças, se elas existem? O apoio lá de fora, também o sente aqui?
Adriana: Eu penso que as pessoas reagem à minha música e para mim isso é o mais importante. Penso que o ter estado lá fora ou não, acaba por ser uma experiência pessoal. Não sei se as escolas daqui ou de lá fora dão mais ou menos, pois mais uma vez isso depende da experiência de cada pessoa, e cada um tira o partido que quer dessa experiência, da sua vida. Penso que cá em Portugal também há muitas escolas boas. Há muitas pessoas que nunca foram estudar para fora e fazem muito boa música em Portugal. Por isso eu não diria que é essencial. No meu caso, para o meu percurso fez todo o sentido e contribuiu muito, para ele.
J.D. – Quais as sonoridades que podemos encontrar neste seu novo trabalho?
Adriana: Podemos encontrar um estilo crossover, ou seja pop que tende a ir mais para o jazz e mais para a dita world music e latin music. Está muito mais virada para esse mundo.
J.D. – Já compôs muitas músicas. Sente que já compôs aquela que é a canção da sua vida ou pensa que a composição é um work in progress, e que ela não tem um fim?
Adriana: Sim, sem dúvida. Eu acho que se algum dia sentir que já compus a canção da minha vida então acabo com tudo. Acho que esse trabalho continuado é o que me dá vontade de viver. É continuar a sentir que há mais, que o desafio continua e também continuar a sentir a necessidade de trazer cá para fora tudo o que tenho cá dentro. Por isso, se eu sentisse que não tinha mais nada para compor, isso significava que não tinha mais nada cá dentro e penso que ainda não estou perto dessa fase, aliás eu não quero que esse fim venha (risos).
J.D. – Em termos das referências que me falou, há outro tipo de sonoridades que gostaria de explorar?
Adriana: Para já sinto-me muito confortável com as sonoridades que estou a explorar agora, porque para já são as sonoridades com que eu me identifico. No entanto, não faço grandes planos porque não sei para onde vou, mas acho que as coisas estão onde deveriam estar.
J.D. – Não sei se associa alguma cor à sua música. Se lhe dissesse que ela era feita de cor, qual seria a cor da sua música?
Adriana: Duas cores. Cor-de-rosa e preto. Primeiro porque são as minhas cores favoritas e por acaso já tinha estado a pensar porque é que elas são as minhas favoritas. Provavelmente um psicólogo ou um psiquiatra teria uma grande teoria acerca deste assunto (risos), mas a minha teoria é que o cor-de-rosa é o bonito, o sonhador, e a cor de quando tudo está bem na vida e o preto significa a fase em que as coisas não estão tão bem, quando não há sonho, quando não há esperança. Eu acho que tenho os dois lados, tal como todas as pessoas, com os seus altos e baixos. Aliás, o álbum é cor-de-rosa (risos) e muito positivo.
J.D. – Por onde vai andar a mostrar este seu “O que é que tinha que ser”?
Adriana: Vai haver uma pequena apresentação no Auditório Montepio a 17 de Março, mas a apresentação maior e a oficial vai ser no Centro Cultural de Belém a 1 de Maio. Depois vamos fazer uma tournée pelo país, com datas que ainda estão a ser fechadas e sem dúvida estou muito entusiasmada com todo o processo. Penso que ir para fora também poderá ser uma realidade, mas antes tenho de sentir a base para então depois dar o salto no trampolim.
J.D. – Que mensagem gostaria de deixar a quem possa ler esta entrevista?
Adriana: Gostaria que cada pessoa que ouvisse este álbum o tornasse seu e que lhe atribuísse o seu próprio sentimento, a sua própria emoção. Como já disse anteriormente eu considero o público um segundo autor e eu só estou aqui para passar a mensagem. Quero que as pessoas o sintam e sejam felizes.
O Jornal Dínamo agradece à cantora Adriana e à Farol Música a oportunidade de realizar esta entrevista.
Foto: Farol Música / Facebook Adriana Rozario