| Chegámos ao quarto e penúltimo dia de Rock in Rio Lisboa, que promete boa música e muito divertimento.
A “Rock Street” apresentou-nos mais um dia cheio de animação com a presença dos animadores de rua como é já habitual em todos os dias do evento.
Neste dia, actuaram neste espaço do Parque da Bela Vista, os Cais Sodré Funk Connection, Jazz in Motown e Lillian Bouté que voltou com mais uma actuação, extremamente aplaudida.
Os Cais do Sodré Funk Connection, são já uma referência da cena musical lisboeta. Nasceram no coração do bairro Cais do Sodré que lhes dá o nome e foram a primeira banda residente do clube MusicBox. Dedica-se a recriar o som e o ambiente dos clássicos da Motown, Stax, Chess Records e outras editoras míticas das décadas de 60 e 70. No seu conjunto, o grupo reúne elementos dos Cool Hipnoise, Spaceboys, Movimento, Orelha Negra, Cacique 97, banda Sérgio Godinho, entre outros.
Em dia em que subiu ao “Palco Mundo” Stevie Wonder, os Jazz in Motown, apresentaram um espectáculo que foi uma perfeita homenagem à Motown Records, a conhecida editora que lançou grandes artistas como Diana Ross & The Supremes.
Na “Street Dance” a animação foi muita com a actuação, de Ana Paula Rodrigues, Joana Matos, Joana Teles e Ana Sofia Rodrigues, Jukebox (Crew Resident) e Animação Next Level e a Ultimate Crew.
Entretanto no “Palco Sunset” subiam ao palco os primeiros artistas. Ao chegarmos já as pessoas esperavam a subida ao palco de Ana Free que actuou com os The Monomes.
Ana Free, já longe da menina que ficou conhecida por colocar vídeos no YouTube a cantar, mostrou que esse foi só mesmo uma forma de mostrar o seu talento. Neste dia a artista juntou-se à banda The Monomes, uma banda de rock de grande sucesso em Espanha e que começa a granjear seguidores também em Portugal.
Amor Electro e Moska (Paulinho Moska) fizeram as pessoas pular ao som das suas músicas. A contagiante Marisa Liz e a forma como comunica com o público fizeram deste mais um dos concertos inesquecíveis.
O Jornal Dínamo® conversou com os Amor Electro e Paulinho Moska que nos falaram um pouco do que foi actuar em conjunto.
Marisa Liz, vocalista dos Amor Electro, explicou que foi uma mistura maravilhosa. “Foi muito bom. Nós tivemos a oportunidade de sermos convidados para vir tocar no Rock in Rio ao “Palco Sunset” pelo Zé Ricardo. A seguir tivemos outro privilégio que foi escolher um artista brasileiro com quem nós nos identificássemos e que admirássemos para estar aqui connosco. O Paulinho Moska deu-nos o presente de aceitar e de arriscar vir para Portugal sem conhecer o nosso som. Depois de fazermos aquilo que acabámos de fazer em cima deste palco, eu só posso dizer que não poderia esperar um resultado melhor. Independentemente da música, aquilo que nos uniu mais, fomos mesmo todos nós e a música veio acrescentar algo fantástico a esse relacionamento. É muito bom quando sabemos viver e saber que nem que se chore, se berre, ou se ria que o sabemos fazer, porque isso tudo, são as emoções à flor da pele e naturalmente que tudo passa para a música, para os olhares e para a cumplicidade quando se entende aquilo que se está a dizer, a cantar e a tocar. É muito bom, estes momentos acontecerem e só esperamos que possa acontecer novamente”.
Paulinho Moska, concorda e acrescenta que partilhar a língua portuguesa que se expressa de forma diferente é fantástico. “Para mim foi igualmente um privilégio. É muito bom experimentar actuar com alguém que canta a mesma língua de uma outra forma. Isso acontece também na América Latina e isso é uma delícia porque vamos aprendendo não só a falar um português diferente mas a dar um sentido novo ao português, e o sentido é a essência da poesia. Nesse sentido ter vindo aqui, tê-los conhecido é uma poesia para a nossa vida. Aprender um pouco as canções dos outros e os outros aprenderem as nossas é muito bonito. Foram três dias em que estivemos dispostos a misturar a encontrar a união dos dois sons. Estivemos muito descontraídos com um profissionalismo incrível. Penso que foi uma espécie de concentração alegre e isso passou para o palco e para o público. Houve som e muita alegria”.
Quanto à presença do evento, Marisa Liz, diz que para lutar por um mundo melhor é preciso que cada ser humano faça a sua parte como o Rock in Rio faz. “Eu penso que quando este evento pensa em contribuir para um mundo melhor, é muito bom, pois consciencializa as pessoas para o que se está a passar à nossa volta. No entanto eu penso que o mundo melhor passa pelo bom senso de cada um de nós e isso vê-se no nosso público também. O nosso público é aquele que tem um bom senso comum, que não descrimina, ou tem preconceitos em relação a quem ouve a nossa música, tal como nós também não o temos. Nós somos um país com vários preconceitos que têm de deixar de existir. Há por exemplo um preconceito muito grande que é muitas vezes ter sucesso mas não ser bem tratado por isso, coisa que no resto do mundo não acontece. Lá fora celebra-se o que é bom, o povo tem orgulho nos seus artistas e orgulha-se de quem leva a cultura para a frente. Se eu passar a vida toda a somente a trabalhar, isso não vai ser uma vida, pode-se dar-lhe outro nome, mas isso não é uma vida. É importante ter cultura para isso acontecer, até porque a cultura desperta as emoções e é isso que nós tentamos fazer sem qualquer tipo de preconceito. Às vezes perguntam-nos: “mas vocês só falam de amor?”, e nós respondemos sim e não, porque amor é falar de tudo. Amor é a base e eu acho que um mundo melhor é um mundo com mais amor, é um mundo em que não se olha só para o que deve ser feito a um nível maior, mas se olha para o que tem de ser feito no nosso bairro, na nossa rua ou pelos nossos amigos. É daí que parte a consciencialização por um mundo melhor. Se houver essa educação mental e social provavelmente nós podemos fazer um mundo melhor. Obrigada ao Rock in Rio por fazer essa tentativa”.
Paulinho Moska, brinca com o tema, mas considera que é sem dúvida muito sério e que só com união se faz alguma coisa por um mundo melhor. “Isso mesmo … Amor na Cabeça (risos) … viva o amor… somos todos filhos do amor. Viemos do amor, vivemos no amor e ao amor retornaremos (risos) … o amor é a nossa droga, sem dúvida”.
Luís Represas, João Gil e Jorge Palma, foram os senhores que subiram ao palco em seguida e fecharam o dia com chave de ouro.
Todos dispensam qualquer tipo de apresentação e juntos deram um concerto que não é comparável a nada. Cada concerto juntos é seguramente um concerto único irrepetível.
A honra de abertura do “Palco Mundo” foi dada aos portugueses The Gift.
Depois de ter sido mãe, Sónia Tavares apareceu em palco brilhante dando um concerto cheio de energia e de emoção.
A actuação dos The Gift começou com “Driving” que foi um dos grandes sucessos desta banda. Depois desfilaram “Made for You”, “Fácil de Entender”, “Question of Love”, entre outras acompanhados igualmente pelo público que mostrou que as letras das músicas não lhes passam ao lado.
A doce Joss Stone, subiu em seguida ao “Palco Mundo”.
Sempre com o seu estilo suave e fino, com a sua voz já inconfundível, a artista mais uma vez pisou o palco, descalça, o que é já uma imagem de marca da artista.
“Big Ol Game”, “Stoned out of my Head”, “U Had Me” e “Right to be Wrong” são temas que Joss Stone cantou e que todos entoaram durante o concerto. (Foto gentilmente cedida pelo fotógrafo João Salema ©)
Bryan Adams é daqueles casos que já todos conhecem. Viveu parte da sua infância e adolescência em Birre, Cascais devido à profissão do pai (Embaixador) e Portugal para ele é como uma segunda casa.
O seu concerto já não implica tantos saltos, mas a sua voz inconfundível deste artista deixou todos maravilhados.
Sensivelmente a meio do concerto, teve uma acompanhante em palco, a cantora Vanessa Silva para cantar uma música com ele.
“Kids Wanna Rock”, “Can´t Stop”, “Back to You”, “Heaven” ou “Cuts like a Knife” foram temas que não puderam faltar na sua actuação.
Logo a seguir chegou o Senhor de quem todos esperavam e aguardavam.
Stevie Wonder é sem dúvida um ícone vivo que continua a deliciar-nos com a sua voz límpida e as suas músicas fantásticas.
Sentado ao seu piano ou sentado no chão com uma guitarra nas mãos, Stevie Wonder deliciou todos os presentes, independentemente da idade que tinham, uma vez que a sua música intemporal, passada de gerações mais velhas para mais novas ou simplesmente partilhando-as.
Espaço Vodafone
Uma das bandas que actuou neste espaço foi “You Can’t Win, Charlie Brown”. Esta banda começa a dar nas vistas, tanto a nível nacional como internacional, tendo ultimamente actuado em diversos espaços londrinos.
Espaço “Electrónica Heineken” é um dos sítios para acabar a noite ou quase começar o dia. No 4º dia de evento, os sets foram de Dj Poppy, Miguel Rendeiro, Johnwaynes Live, The Martinez Brothers, Masters at Work (“Little” Louie Vega & Kenny “Dope” Gonzales).
Dj Poppy começa já a dar cartas num mundo que parecendo de homens já começa a ter muitas mulheres no metier.
Considerada uma das mais carismáticas DJs nacionais, fazendo surgir nos outros uma súbita vontade em descobrir quem é afinal a Dj ou quem é Iolanda que é Dj e para quem tudo começou no Alcântara Mar.
Miguel Rendeiro, o Dj ao comando da “Electrónica Heineken”, é o mentor e criador de uma das maiores beach parties da Europa, a “Energie Azurara”.
É igualmente produtor/dj e um dos fundadores da Connect Music Agency, parceiro do inovador Anti-Pop Music Festival, agora consagrado como Neo Pop.
Miguel Rendeiro fez abanar o espaço “Electrónica Heineken” com a precisão dos seus métodos e com a sua sonoridade eclética.
Johnwaynes Live, é uma dupla que iniciou o seu percurso em 2005 após um convite da banda Loto para trabalharem no tema “Celebrate”. Com actuações frequentes em toda a Europa, o estilo da sua música vai do acid-house ao house, passando pelo disco, o funk e o boogie.
O set que apresentaram no Rock in Rio Lisboa foi algo que passou por uma improvisação que como já é habitual é levada ao extremo, o que faz dos seus sets únicos e peculiares.
Os jovens DJs The Martinez Brothers eram os mais aguardados deste Rock in Rio Lisboa.
São um caso de sucesso nos Estados Unidos da América, e têm actuado um pouco por todo o país levando a música house a uma legião de fãs já muito significativa. Actualmente são a cara da Blackberry no seu país de origem, sucedendo aos míticos U2.
A fechar a madrugada, estiveram Masters at Work composto por “Little” Louie Vega e Kenny “Dope” Gonzales.
Esta é a segunda vez que os Masters at Work actuaram em Portugal. Após cerca de dez anos sem actuar, a dupla norte-americana actuou no Rock in Rio no Rio de Janeiro, o ano passado com grande sucesso e devido a isso foram convidados para actuarem em Portugal. Foi um grande momento que muitos não quiseram perder.
Fotos: Pedro Sousa Filipe / Agência Zero / João Salema
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