O conceito desta forma de pintura não é novo, apenas tem outra forma do Séc. XXI, tendo como princípio, corroer todos os critérios de arte clássica – e porque não, todo o classicismo moderno – este conceito data do início do Séc. XX. O aparecimento dos expressionistas, impressionistas e cubistas, tinha como fundamento acabar com o classicismo e implantar uma pintura de “5 Sentidos”, a pintura “Freudiana” se assim se poderia chamar, visto ter sido Freud com os seus mais recentes avanços na psicanálise e a recente descoberta das máscaras africanas, que deslumbraram as mentes de artistas mais entusiastas como, Picasso, Dali, Breton, entre outros.
O termo Expressionismo foi popularizado pelo crítico de arte alemão Herwarth Walden para caracterizar toda a arte moderna que se opunha ao Impressionismo. Mais tarde, passou a caracterizar a arte cujas formas têm origem não da observação directa da realidade, mas de reacções subjectivas à realidade.
Esta corrente designa geralmente toda a arte em que os conceitos convencionais de realismo e proporção foram ultrapassados pela emoção do artista, resultando em distorções da forma e da cor.
Os pintores expressionistas tendem a utilizar formas simplificadas de acentuado grafismo e cores fortes que resultam da agressividade resultante da tenção emocional e psicológica do pintor, que se exprime por alterações cromáticas e distorções das formas que podem atingir o caricatural. O pintor revela a tensão da sua vivência, através da deformação expressiva das formas e da cor e do próprio registo da acção pictórica.
Os artistas expressionistas criaram sempre por uma absoluta “necessidade interior” (visceral), sendo esta, uma arte de forte compromisso emocional.
A arte africana (primitivismo) trazida ao conhecimento da Europa em finais do século XIX, também influenciou este estilo. O Primitivismo é uma linha estética que marcou de forma importante vários movimentos do Modernismo: os Fauves, o Expressionismo alemão, especialmente o grupo de Dresden, o Cubismo e o Cubo-futurismo Russo. Este movimento caracteriza-se pelo primitivismo expressivo e pela utilização da técnica da gravura. Os artistas pretendiam ir “além das aparências”, através de uma tendência de espiritualismo e misticismo que os aproxima do grupo dos Simbolistas. O Cavaleiro Azul (Blau Reiter) foi o nome adoptado por este movimento expressionista tendo na sua origem uma pintura de Kandinsky com este nome. Este movimento terminaria com a primeira Guerra Mundial devido à morte de Franz Mark e August Macke.
O mais importante documento do grupo foi o livro de Kandinsky “Do Espiritual na Arte”, escrito em 1910 e publicado em 1912. Influenciado pela “Teoria da Cor” de Goethe escrita em 1810, Kandinsky procura uma “Arte de Harmonia Espiritual”, tentando estabelecer empiricamente uma relação entre as cores e as sensações, chegando a uma gramática das cores, (o que poderemos chamar de uma psicologia da cor de base metafísica).
“A cor é um meio de exercer influencia directa na alma”, escreve, e estabelecendo um paralelo entre a pintura e a musica: “A cor é o teclado, os olhos os martelos e a alma o piano com muitas cordas”, baseado nesta relação, irá executar em 1911 uma série de pinturas, aparentemente não figurativas, “Composições” e “Improvisações” (os termos são musicais), que estão na origem da Abstracção Expressionista, e portanto da Arte Abstracta.
Alguns autores tomam este grupo como ponto de partida para definir um abstraccionismo onde as preocupações formais se sobrepõem à expressão, o que designam por Abstracção Lírica. A Abstracção Lírica foi uma corrente importante da pintura europeia nos anos 60 e 70 e que caracteriza genericamente a chamada Escola de Paris.
“Expressionismo Abstracto” passou a ser o nome dado a um determinado grupo de artistas americanos. que apareceu nos anos 40-50, de modo relativamente autónomo da Arte Europeia, e que viria a afirmar a presença norte americana no contexto artístico mundial.
Ao Expressionismo Abstracto dá-se também o nome de New York School (Escola de Nova Iorque).
Essencialmente, resultou da influencia da arte europeia nos jovens artistas americanos, nomeadamente do Cubismo e do Surrealismo, este por intermédio de Max Ernst e Marcel Duchamp, emigrados nos E.U.A. (a influência da arte moderna europeia nos E.U.A. tem inicio com o célebre Armory Show de Nova Iorque em 1913).
O Expressionismo Abstracto norte-americano não foi completamente, nem abstracto nem expressionista, e os seus intérpretes desenvolveram estilos pessoais independentes. Utilizaram do Surrealismo, a técnica do automatismo, e do Cubismo, a negação do espaço pictórico ilusionista e perspéctico em favor de um espaço pictórico estreito, e sem profundidade. As obras destes artistas são geralmente de dois tipos, “caligráfico”, com marcas pictóricas aplicadas de modo livre sobre toda a tela, ou “icónicos”, onde a composição é dominada por uma forma central.
Jackson Pollock (1912-56) utilizou a técnica do drip painting, em que a tinta é projectada ou escorrida directamente sobre a tela, usualmente de grandes dimensões, estando esta colocada horizontalmente no chão e deslocando-se o pintor a toda a sua volta, após pintada a tela é aplicada na grade ocupando a pintura toda a área da tela: all over painting. A sua filosofia artística da action painting, deriva do Existencialismo, que enfatizava a importância do acto criativo sobre a pintura como um objecto acabado, pretendendo exprimir o seu subconsciente através da arte, desenvolvendo um tipo de pintura a que se dá o nome de “Action painting” se, em vez de o artista procurar construir uma imagem ou de retratar o seu estado emocional, pretende fazer um registo pictórico da sua própria acção.

Convergence, 1952 por Jackson Pollock. Propriedade de Albright-Knox Art Gallery, Buffalo, NY.

Autor: Luís Fernando Graça
Tiveram influência dos Surrealistas através da presença de André Breton, Masson e Matta em Nova Iorque nos anos 40 e através das exposições retrospectivas de Miró em 1941 e expecialmente de Kandinsky em 1945.
O termo, “Expressionismo Abstracto” foi, de facto, utilizado pela primeira vez, em 1919, para caracterizar a obra de Kandinsky.
Em Portugal, estes reflexos fizeram-se sentir na pintura de Amadeu de Sousa-Cardoso, Guilherme Santa-Rita, Maria Helena Vieira da Silva, Vespeira sem nunca esquecer o recentemente falecido Mário Cesariny, entre outros…