Crítica
| Missão: Impossível – O Ajuste de Contas Final (2025), de Christopher McQuarrie.
O oitavo e, até ver, último filme de um dos franchises de acção mais consagrados de Hollywood já chegou aos cinemas. Tom Cruise não desilude, nem as cenas de acção que protagoniza, numa conclusão um pouco longa e nostálgica a mais.
Em 1996, o mundo foi introduzido à Missão: Impossível e a Tom Cruise na pele do espião Ethan Hunt. As cenas de acção criativas e reais, que colocam o corpo de Cruise no centro do espectáculo, viriam a distinguir este filme de outros do mesmo género, numa indústria saturada por efeitos visuais. Foi desta premissa que se construiu um franchise que passou pelas mãos de vários realizadores, até chegar a Christopher McQuarrie, que entrou a bordo no quinto filme da saga (Missão: Impossível – Nação Secreta, 2015) e que ficou para pôr um ponto final a uma narrativa que começou há quase 30 anos.
À medida que os anos passam, muitos encontram na nostalgia um refúgio reconfortante. Com a saga a chegar a um fim, Missão: Impossível – O Ajuste de Contas Final não conseguiu escapar a uma viagem saudosa e sentimental pelos momentos passados dos últimos sete filmes. Numa alusão propositada, ou não, à nostalgia, é por meio de uma cassete auto-destrutiva enviada a Hunt pelo IMF (Impossible Mission Force), que McQuarrie conduz o espectador pelos momentos mais memoráveis do franchise, logo nos primeiros minutos do filme.
Ultrapassados os momentos de auto-referência, ao estilo dos filmes mais recentes da Marvel, entramos na acção. É nesta área que o filme se esmera e faz jus à sua fama, com sequências intensas que nos impedem de desviar o olhar do grande ecrã, enquanto seguramos a respiração e tentamos compreender como é que Tom Cruise saltou de um biplano em movimento para outro.
Apesar do estatuto entre os filmes de acção, só no passado ano de 2024 é que um filme da Missão: Impossível recebeu a sua primeira indicação aos óscares. Ajuste de Contas – Parte Um (2023) foi nomeado nas categorias de Melhores Efeitos Visuais e Melhor Som. O filme que estreia-se agora nos cinemas é a conclusão desta primeira parte e distingue-se, novamente, pelo domínio da imagem e do som, que capacitam a imersão do espectador ora numa luta intensa, ora num submarino prestes a afundar-se nas profundezas do mar, ou num avião que ameaça despenhar-se a qualquer momento. Estas cenas envolvidas em risco e tensão acabam por compensar os momentos de explicação ou de recordação a mais, num filme com quase três horas de duração.
Talvez faça sentido para esta saga terminar aqui, antes que o excesso de nostalgia provoque a sua própria destruição, à semelhança da cassete no início do filme. E porque a mensagem de superioridade ética dos Estados Unidos da América em diplomacia e segurança internacional já se faz velha. Quem com certeza não se faz velho é Tom Cruise, provando que não paramos porque envelhecemos, para que envelhecemos porque paramos, e isso é bom de se ver.
Missão: Impossível – O Ajuste de Contas Final estreia nos cinemas portugueses no dia 22 de Maio de 2025.
Avaliação Jornal Dínamo®
Imagens: NOS Audiovisuais