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Do Céu caiu um Anjinnho

“Do Céu caiu um Anjinnho”Naturalmente que os apoios são poucos em tempos que vão correndo, e foi nesse sentido que quisemos saber quais são as maiores preocupações de Fernando Gomes, na concepção de uma produção. “Eu gosto muito do que faço, e gosto muito das pessoas com quem trabalho… aliás eu só trabalho com pessoas de quem gosto (sou eu que escolho normalmente os elencos) e neste espectáculo não é diferente, uma vez que já tinha trabalhado com eles. A primeira vez que fui a Viana do Castelo gostei imenso e desde aí fui sempre muito bem recebido tanto pelo Teatro do Noroeste como pelas pessoas em geral. Sinto-me muito mimado lá, e também por isso é um prazer o trabalho que lá faço. Na verdade a maior dificuldade é o pouco dinheiro que há para fazer as coisas, porque não se ganha muito, mas de resto não existem outro tipo de dificuldades, e sinto acima de tudo que o público gosta do que eu apresento e essa retribuição é extremamente importante e gratificante. É claro que se os actores pudessem ganhar mais por mês, seria o ideal. Há muitas pessoas envolvidas num espectáculo, para além das que pisam o palco e com os preços baixos dos bilhetes, mesmo com sala sempre cheia não dá para fazer muito dinheiro. Em termos da retribuição do público, tanto em Viana do Castelo como aqui é imenso e muito me apraz. É bom saber que as pessoas gostam. Eu faço espectáculos populares, que são para um público que se quer divertir um pouco e eu acho que é muito importante, porque o clima anda tão tenso e as pessoas tão em baixo, que não vejo que venha mal ao mundo passarem duas horas um pouco mais divertidas, mas a verem uma história com conteúdo que toca em assunto alguns deles, até algo delicados. Não pretende ser um espectáculo com coisas muito profundas, são mais assuntos em que a maioria das pessoas se revê”.

“Do Céu caiu um Anjinnho”A terminar quisemos perceber até que ponto Fernando Gomes, tem a noção de que os seus espectáculos são bastante característicos dele próprio. “Tenho alguma noção disso agora, mas ao princípio não tinha. Penso que me apercebi disso, no primeiro espectáculo que encenei que se chamava “Maria, não me mates que sou tua mãe”, que levei à cena no Teatro da Comuna, numa das suas salas, que já tinha o meu tipo de humor e um tipo de representação, e não havia muitas pessoas que fizessem precisamente este tipo de espectáculos. Eu adoro o Século XIX, adoro por exemplo Camilo Castelo Branco e já fiz aí uns quatro espectáculos, baseados em textos deste autor. Nestes espectáculos também usei um humor, mas sempre com muita história pelo meio. Aliás o Camilo Castelo Branco tem folhetins que nunca mais acaba e é riquíssimo, e usa uma linguagem do povo da rua, os ladrões, os gatunos, as beatas, a igreja e todos estes personagens tipo me fascinam. Eu fui criado na religião católica, os meus pais eram católicos, e eu não sou a favor nem contra, mas gosto muito de brincar usando personagens de padres e freiras por exemplo, mas nunca para gozar, mas sim para gracejar, porque têm características engraçadas. Eu admiro tanto os padres como as freiras, e até os monges, porque são pessoas que se fecham sobre si mesmas e que têm a sua fé inabalável que eu tenho pena de tão ter por exemplo. Eu tenho esperança na vida, em mim e nas pessoas, mas não estou à espera que nenhum santo me venha resolver os problemas. Mais uma vez, não gozo com isso e respeito-as muito, mas gosto de brincar com respeito com estas pessoas tipo da sociedade”.

Agora só precisa mesmo de ir conhecer o anjinho que caiu do céu, num espectáculo onde vai seguramente se divertir, no Centro Cultural da Malaposta, no Olival Basto.

Para mais informações acerca do espectáculo “Do Céu caiu um Anjinnho” poderá visitar o site oficial do Centro Cultural da Malaposta.

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Fotos: Pedro Sousa Filipe

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