Vivienne Westwood | O Salto Da Tigresa

Exposição

| Inaugurada no passado dia 6 de Junho, a mostra, com curadoria de Anabela Becho, conta a história anacrónica da designer Vivienne Westwood através de cerca de 50 peças e pode ser visitada até 12 de Outubro.

Descendo ao piso -1 do Museu do Design e da Moda encontramos a sala que mais facilmente nos transporta para aquilo que o edifício já foi. No final do século XIX, o edifício, que agora alberga o museu, foi inaugurado como Banco Nacional Ultramarino, usado como banco emissor para as então colónias portuguesas, mas, hoje, a sala dos cofres protege tesouros ingleses – a exposição da designer Vivienne Westwood.

“Vivienne Westwood: O Salto da Tigresa” lê-se logo ao fundo das escadas. O nome dado à exposição é inspirado pelo conceito de “salto do tigre” do filósofo Walter Benjamin que, simplificadamente, consiste no olhar para o passado de modo a construir o futuro, contrariando o conceito de história linear e progressiva. Vivienne Westwood será, assim, ao longo da mostra, a tigresa que se inspira nos artistas de épocas antigas para criar peças que ponham em causa o presente, evocando um futuro melhor.

Entrando no espaço da exposição, o visitante é acolhido por dois vestidos imponentes. À esquerda um vestido da colecção de Primavera/Verão de 1998 de Vivienne Westwood e à direita uma peça do Museu do Traje, do século XIX, expondo logo, à partida, o constante diálogo que a designer mantinha entre o passado e o futuro. Nessa sala, o tema “Piratas modernos e crinolinas” estende-se por portas que expõem pelas suas janelas peças da colecção de Outono/Inverno de 1981 inspirada pela obra “A Jangada da Medusa” de Théodore Géricault que mostra um naufrágio, mas ainda outras peças de inspiração semelhante.

 

A curadora, Anabela Becho, sublinhou a palavra “Historicismo” como uma das mais importantes da exposição e conserva a sua importância à medida que se avança nas salas que conduzem aos cofres.

A designer, conhecida pelo seu activismo político, criticando desde a inactividade política no combate às alterações climáticas, até ao comércio de armas ou, mais recentemente, o Brexit. Desde sempre, desafiou ainda as convenções sociais de género e de identidade e orientação sexual. Esse desconcerto é espelhado na segunda sala, onde um corpete histórico se opõe a três das famosas t-shirts que partilhava com a banda Sex Pistols, por intermediário do seu sócio e empresário da banda. As t-shirts inquietam. Suásticas e uma imagem de Jesus Cristo na Cruz partilham o mesmo espaço no estampado desafiador e irreverente, agitando para sempre a história da cultura Punk e do streetstyle. O tema da sala conferiu-lhe o nome de “Punks e espartilhos”.

 

É na sala principal que as peças de roupa e acessórios da designer se separam em temas que contam anacronicamente a sua história. A curadora sublinhou a “natureza trans histórica das peças” o que, provavelmente, terá levado a esta organização por temas e não por eras.

Vive la cocotte, Bustiês e pérolas, Showroom, Tartãs e anquinhas, Anglomania, Cortes inconvencionais e Natureza são os temas que se espalham pela sala dos cofres, com peças claramente reconhecíveis da designer, com todo o tartã, corpetes, anquinhas e alfaiataria desconstruída que a persegue, mas ainda acessórios e peças do Museu do Traje, uma saia Schiaparelli e um coordenado de Rei Kawakubo, fundadora da Comme des Garçons. As peças que não são da autoria da designer aparecem como reflexão das inspirações históricas, mas também dos seus contemporâneos.

 

Ao longo das cerca de 50 peças, os visitantes facilmente viajam pelas inspirações da designer, com foco no seu processo criativo, altamente influenciado por referências artísticas e literárias facilmente explicadas pelos painéis explicativos que acompanham cada secção.

A exposição permanecerá em exibição até 12 de Outubro de 2025 de terça a quinta-feira e ao domingo das 10h00 às 19h00 e à sexta-feira e ao sábado das 10h00 às 21h00.

Vivienne Westwood

Vivienne Westwood. Foto: Cedida por zeroemcomportamento.org

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