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Kendrick Lamar – King Kunta

Super Bock Super Rock em 6 Momentos

Acto III

Peguemos na personagem ficcional que Kendrick Lamar cria para construir um dos mais interessantes temas da carreira do rapper norte-americano – “King Kunta” – e percebermos que também no rap, que para muitos é um género contra cultura, as mensagens são tão actuais e tão elementares à construção de uma sociedade mais adequada a todos os cidadãos e entendermos que o artista é um génio.

Kunta Kinte, é a personagem da obra de Alex Haley que provém de uma família americana, escravo conhecido por não ter o pé direito, consequência das tentativas de fuga da escravatura.
“King Kunta” é igualmente uma interpolação de “Get Nekkid”, escrito por Johnny Burns e realizada por Mausberg, versos de “Smooth Criminal”, escrito e realizado por Michael Jackson com elementos da canção “The Payback”, de James Brown.

É neste contexto que se entende o rap de Kendrick Lamar: um escape aos institucionalismos da música e uma nova visão sobre as problemáticas mais actuais da sociedade e a reposição do melhor que há para influenciar um artista ao revalidar os melhores padrões, na construção da música que é também ela, uma arte de difundir mensagens.

No meio destes atributos que classificam o artista californiano como um dos melhores, não era de admirar a quase divinização do artista em Portugal e que fez com que o MEO Arena rebentasse pelas costuras com 20 mil pessoas presentes.

Portugal está rendido ao “travo peculiarmente poético” do artista e as mensagens interventivas são um pilar essencial para as construções literárias, muitas vezes metafóricas, que encontram o seu espaço na contemporaneidade da música.

Kendrick LamarRecordemos também a última passagem de Kendrick Lamar em 2014, no “Primavera Sound” do Porto. Um festival de hippsters e um rapper em ascensão meteórica a esgotar igualmente um espaço.

Poderá ser estranho mas tal como a Redacção do Jornal Dínamo, o referiu em 2014, foi um concerto surpreendente.
Em nada alteramos a nossa opinião sendo que acrescentamos mais: Kendrick é uma espécie de Amy Winehouse do rap. Essencial, actual, necessário e urgente.

Terminado este louvor ao artista, vamos a factos. Foi uma noite épica, em que Lamar foi sacerdote e nós, fomos o fiel rebanho. O palco adornado com a mensagem subtil de “Look both ways before you cross my mind” de George Clinton (artista e influência incontornável do P-Funk ), uma banda à altura do deus do rap e todo um público para empanturrar com um alinhamento luxuoso.

“To Pimp a Butterfly” e “Good Kid, m.A.A.d City” são os missais a serem orados e quando dizemos orados, foram literalmente recitados religiosamente por um público devoto e “Wesley Theory”, “Backseat Freestyle” foram entoados de forma efusiva como se de odes poéticas se tratassem.

E atitude? Invulgarmente humilde, um sorriso estampado não se percebe bem se de agradecimento ou de espanto, pois Kendrick sabe que é famoso, mas se Kanye West esperaria uma qualquer eleição como o melhor do mundo, aqui no Condado da Lusitânia quem arranca a maioria absoluta é sem dúvida, Kendrick Lamar.

Fotos: Música no Coração

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