Teatro São Luiz
| É mais um momento mágico este, que nos traz mais uma parceria entre Terry Jones e Luís Tinoco.
Ambos dispensam apresentações, por serem sobejamente conhecidos, um no meio da comédia em que fez parte da grande britcom e de um dos grupos mais reconhecidos do mundo: os “Monty Python”, e outro por ser um dos compositores portugueses mais reconhecidos, pelos inúmeros trabalhos que tem realizado no meio da música, nomeadamente em “Contos Fantásticos”.
Mais uma vez, o São Luiz Teatro Municipal mergulha no mundo fantástico destes dois homens e encomendou uma fantasia musical: “Evil Machines”. Falada em inglês, apresenta-nos algumas das vozes mais conhecidas do panorama musical português, nomeadamente a cantora lírica Ana Paula Russo.
Em estreia mundial dia 12 de janeiro, esta produção do São Luiz Teatro Municipal faz-se em colaboração com a Orquestra Metropolitana de Lisboa.
Participam também neste projecto Vin Burnham e Paulo Ribeiro. Vin Burnham é uma figurinista premiada e autora de figurinos inesquecíveis como os de “Batman”, “Catwoman”, “O Quinto Elemento”, “Tiros Certeiros” ou “História Interminável 3”. Vin Burnham foi também responsável por algumas das fantásticas imagens da campanha publicitária da Expo’98.
O Jornal Dínamo® falou com Terry Jones que nos contou um pouco de “Evil Machines”. “Para dizer a verdade, até se vai rir da forma como esta ideia me ocorreu. Eu estava a conduzir em Londres e parei num semáforo vermelho e de repente na minha mente vi as palavras “Evil Machines” a piscar (risos), e a seguir pensei que era um óptimo título e que ninguém ainda o tinha usado. Fui inclusivé pesquisar e cheguei realmente à conclusão que nunca foi usado e então decidi explorá-lo”.
Quanto ao poder das Máquinas, Terry Jones tem uma opinião muito própria acerca do assunto. “Um dia li um livro que assentava na premissa de que na próxima vida, provavelmente as máquinas é que irão reinar e e tornar-se na única forma de vida existente e teriam a capacidade de se reproduzir sem ajuda de ninguém. Dependendo de como a pessoa define “vida”, então penso que poderá ser a próxima forma de vida. Por isso “cuidado… muito cuidado com a maneira como tratam o vosso aspirador (risos)…”.
Em relação a “Evil Machines” o Actor/Produtor salientou a grande importância dos cenários e guarda-roupa. “Eu penso que o guarda-roupa é crucial, porque quando decidimos fazer este espectáculo eu não tinha mesmo ideia de como é que iria personalizar as máquinas, mas não consegui dizer não a este convite. A primeira coisa que comecei por pensar foi: como é que se poderá fazer um telefone que é também uma pessoa que canta e como é que ele poderia ser reproduzido e como se moveria no palco?, e a mesma questão se colocou para a mota, para o despertador, etc… Quando me falaram do designer que iria fazê-lo, então aí pensei: sim, então assim vai ser possível”.
Em relação a Portugal, Terry Jones contou que adora Portugal, a maneira de estar dos portugueses e a gastronomia. “A primeira vez que estive em Portugal foi para trabalhar no espectáculo “Contos Fantásticos” também com o Luís Tinoco, e gostei muito de cá ter estado. Penso que Portugal tem a capacidade de se preservar, apesar de todos os sistemas políticos que passou. É um país lindo e que cativa muito rapidamente as pessoas. Para além disso tem uma gastronomia maravilhosa que tem um sabor muito próprio e muito específico, e é isso que torna a gastronomia Portuguesa diferente. Fiquei extremamente intrigado com um prato que têm: a Açorda. A consistência é muito interessante para além de ser delicioso. Os “Pastéis de Belém” são simplesmente… hum… (risos)… não se pode é comer muitos, mas um também não chega (risos)”.
A finalizar Terry Jones exaltou a importância da imaginação. “Todos nós precisamos de imaginação. Se perdermos essa capacidade e perdermos a alegria de viver essa imaginação e nos deixarmos ir pela vida sem a termos e nos entregarmos à realidade, isso será muito triste e muito mau e passaremos pela vida de uma forma muito amorfa. Eu pelo menos não seria capaz de sobreviver sem a imaginação. Eu sinto o público português, como um público maravilhoso e imaginativo, e por isso a única coisa que posso dizer é que espero que adorem este espectáculo e que saiam bem dispostos da sessão e que sintam uma sensação de leveza e de que valeu mesmo a pena ver “Evil Machines”.
Da história, Terry Jones levanta uma pontinha do véu. “Num mundo em que as máquinas e os seres humanos podem comunicar entre si e partilhar as mesmas esperanças e aspirações, certas máquinas têm uma agenda diferente. O Melhor Aspirador do Mundo quer dominar sobre tudo e todos! A Senhora Morris, a senhora que o comprou, tenta que este regresse a casa e à limpeza das suas carpetes, mas este afugenta-a e o seu orgulho e sede de poder fazem-no inchar tanto, tanto, que rebenta, sem que o seu Inventor Diabólico possa fazer alguma coisa!”.
Se ficou no mínimo curioso, o melhor mesmo é não perder este espectáculo que decerto não vai esquecer tão cedo.
Fotos: Pedro Sousa Filipe