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Stana Katic, Actriz

Entrevista

| Chegou há umas semanas a tão esperada 2ª Temporada da Série “Absentia” ao canal AXN e com ela veio também a Portugal, a actriz principal Stana Katic.

O Jornal Dínamo®, teve a oportunidade de entrevistar a actriz canadense, que está pela primeira vez em Portugal, num ambiente descontraído em que foi possível conhecer um pouco mais do trabalho e dos assuntos em que se gosta de envolver.

J.D. – Como se preparou para desempenhar a personagem Emily Byrne, em “Absentia”?

S.K. – A personagem dentro do ambiente que a rodeia é muito extrema. É uma personagem que sente “ausência” em relação às pessoas que a rodeiam. Assim, quando está em situações extremas e em relação ao mundo que também é extremo para ela, a personagem vai tentar parecer o mais segura possível. Tudo o que foi construído à sua volta tem um tom de cataclisma, um pouco parecido com a saída de uma guerra. Tal como as guerras criam uma história que vem dos bisavós, dos avós e até dos pais, ela própria vai tentar através do que tem, construir algo apoiando-se no que não se lembra, para chegar ao que se propõe… que é descobrir a verdade.

J.D. – E fisicamente preparou-se de alguma forma especial para esta personagem, uma vez que se pode dizer que ela própria vive nos extremos?

AbsentiaS.K. – Bom, na primeira temporada, foi simplesmente entrar e fazer aquilo que se tinha que fazer. Houve situações que se passavam em ambientes extremos e foi bastante duro.

Diria que as cenas dentro do tanque com água, não são fáceis. Na prática é mergulhar e dar o nosso melhor, com a ajuda dos realizadores e as câmaras a captar o melhor ângulo, mediante aquilo que se deseja e o impacto que se pretende com as imagens. Sem dúvida, exige algum treino da nossa parte e muita entrega.

A segunda temporada está mais direccionada para as cenas de acção. Por exemplo, há uma cena, onde um grupo vai viajar para a Europa e nessa altura a história começa a desenrolar-se de forma muito rápida e a escalar também muito rapidamente em termos de narrativa. Nessas partes tivemos ensaios com duplos, principalmente nas cenas de lutas mais fortes. Tínhamos ensaios com horas marcadas e mais rígidos (tenho que dizer que todos estes duplos são absolutamente fantásticos), são diria já veteranos e habituados a trabalhar em grandes produções, como “Game of Thrones”, o que torna o trabalho bem mais fácil, totalmente profissional e muito bem feito.

J.D. – Para além de ser Actriz também é Produtora Executiva. Como foi coordenar estas duas funções?

S.K. – Há alguns actores que se sentem muito confortáveis só a actuar em frente a uma câmera. O seu trabalho é esse e não vai para lá disso e muitos deles fazem-no com mestria. Entretanto, há outros actores que têm dentro deles um “contador de histórias”, inserido no seu ADN.

Vejo actores como Robert Redford, no filme “Os Homens do Presidente”, ou mais recentemente Bradley Cooper no filme “A Star Is Born”, ou Tom Hardy na série “Tabboo” que são produtores executivos destes filmes e série e sinto que eles vêm tudo o que fazem como um todo, vêm tudo acerca do que implica fazer uma produção, seja um filme ou uma série e não só aquela fatia que é a de representar um papel.

No meu caso eu sempre me senti atraída e interessada em contar uma história, não só à frente da câmera, mas sim no seu todo.

Stana KaticMesmo quando estive envolvida noutros projectos, costumava sentar-me com os directores e produtores e fazia muitas perguntas ou então ia para ao pé dos operadores de câmeras, fazia também perguntas e eles acabavam por me deixar até mexer um pouco nelas. Por causa disso, acho que a transição de ser actriz para ser actriz e produtora executiva acrescentou algum valor ao meu trabalho. Nunca estamos sozinhos no que estamos a fazer e houve alturas em que pude sugerir algumas ideias que tinha para as cenas, a fim de mostrar outro olhar, ou se preferir outra perspectiva da cena que se estava a gravar de forma a mostrar a maior ou menor complexidade da personagem, que estava a trabalhar.

Espero sinceramente ter oportunidade de fazer mais trabalho de produção porque é realmente muito gratificante olhar para a história no seu todo.

Especificamente nesta série, todos os envolvidos desde os produtores executivos da Sony, até por exemplo a Julie Glucksman, outra das actrizes e produtoras executivas estavam envoltos numa simbiose fantástica. Posso dizer que como grupo, todos estávamos em sintonia quer nas conversas, quer nas acções e isso foi muito reconfortante e trouxe grande satisfação ao trabalho que se tinha de fazer.

Claro que nem sempre estávamos de acordo em tudo, mas como todos tinhamos de uma maneira geral a mesma maneira de ver as coisas, foi maravilhoso trabalhar desta forma, até mesmo na parte da estética.

No fim de tudo, todos estiveram a trabalhar para dar o melhor de si mesmos, incluindo eu, para criarmos uma história que fizesse os espectadores ficarem agarrados à série.

J.D. – O que podemos esperar desta segunda temporada, levantando só mesmo a pontinha do véu?

Ok, o que posso dizer é que, nesta segunda temporada achamos que conseguimos algumas respostas às questões colocadas na primeira. Nesta segunda temporada, mesmo no início percebemos que a personagem que eu interpreto, ainda está a lutar para conseguir reaver a sua identidade. Então ela está à procura da sua normalidade e algumas das outras questões que surgiram na primeira temporada, vão andar pendentes, sempre a aparecer nesta segunda temporada e acho que ainda bem que assim é. Esta personagem está assim numa demanda, de juntar alguns dos pedaços da sua vida que ainda estão espalhados e que pertencem à sua identidade, até porque, no fim de contas, encontrar a normalidade para esta personagem tem tudo a ver com o voltar a ter uma relação próxima com o seu filho e pensar se ele está salvo ao pé dela, uma pessoa que não sabe bem quem é.

Penso que o que vai ser bastante interessante (e posso dizer isto porque já vi todos os episódios) é que há momentos e pormenores que são absolutamente excepcionais e para dizer a verdade não posso esperar para que todos os vejam, porque acho que o trabalho dos actores foi seriamente elevado e todas as personagens têm uma evolução muito interessante. A própria história tem uma evolução muito interessante desde a primeira temporada. Vamos como já tinha referido até à Europa num momento e o facto de a história sair de um só espaço, faz com que ela ganhe uma riqueza que provavelmente não teria se se passasse num só sítio. Acho que as pessoas se vão surpreender com alguns elementos escondidos, acerca de algumas das personagens e claro com a sua “parte” nos acontecimentos.

ABSENTIA

J.D. – Para além do seu trabalho em filmes e em séries, quer como actriz e produtora, tem também um interesse especial em fazer trabalho de filantropia ligado a questões relacionadas com as mudanças de clima e também com crianças. Fale-me um pouco de como se envolve com estes assuntos?

Como colocar a questão… por exemplo, eu estou num novo país e ao estar num novo país deparo-me com uma nova língua (neste caso a portuguesa) e seria ridículo vir a Portugal e não aprender algumas palavras e interagir com as pessoas deste país, que apesar de ainda ter visto pouco me parece absolutamente fantástico.

De alguma forma isso não é mais, do que respeitar a história do país e a história das pessoas deste país.

Da mesma forma, como artista, se estou a filmar num país desconhecido seria no mínimo ingrato eu não dar nada de volta a esse mesmo sítio onde estive.

Ir a um país e só retirar algo dele e não respeitar os hábitos, não faz nenhum sentido para mim. Então, vou dar um exemplo muito rápido do que acabei de dizer, para que fique a perceber esse envolvimento.

Nem tudo o que eu faço tem obrigatoriamente que ter visibilidade pública. As coisas que fazemos dentro de uma comunidade e em relação aos seres humanos deste planeta, pode ser até pouco e um acto pequeno, mas pode reverberar em algo grande e bonito e adicionar valor a um espaço que precisa de ser valorizado. Pode ser um acto tão simples como ajudar uma pessoa idosa a ir de um lado ao outro da estrada ou a sair de uma casa para entrar noutra, ou pode ser algo mais dinâmico como doar algo a um hospital, que precisa de ajuda.

Enquanto filmávamos “Absentia” e nesta segunda temporada, eu e um grupo de alguns dos envolvidos nesta produção, juntámo-nos e fizemos uma viagem de 3 horas, para fora de Sophia (Bulgária), onde estávamos a filmar, e fomos até uma terra onde existia um orfanato. Chegados lá apresentámo-nos a um grupo de órfãos e mostrámos-lhes o que é o mundo do cinema e das séries.

A ideia foi somente mostrar a este grupo de crianças que há uma oportunidade que lhes está acessível que é tão simplesmente: todos vocês podem ser realizadores de cinema um dia, quem sabe. Se há algo no vosso coração que vos diz hoje, que querem trabalhar em alguma área do cinema seja a trabalhar em efeitos especiais, ser um duplo, ser um actor ou mesmo um cantor (porque por vezes também são precisos), ou mesmo um contabilista (sim, também há lugar para contabilistas) (risos), diria até que há um lugar para quase todas as profissões no cinema, então devem avançar nessa direcção.

Nós como pessoas que trabalham nesta área, temos o dever de oferecer ou de mostrar esta ideia e esta opção, porque no fim de contas, tudo o que uma criança precisa é de um sonho. Infelizmente nem sempre é fácil fazer com que os nossos sonhos se realizem e muitos deles são realmente sonhos desafiantes, mas não são impossíveis.

Estarmos ali à frente daquelas crianças, com pessoas que disponibilizaram algumas horas do seu dia e do seu trabalho e também do seu próprio dinheiro, foi simplesmente maravilhoso.

Connosco estavam também alguns maquilhadores que fizeram umas brincadeiras com as crianças, pintaram-nas e mostraram-lhes como faziam alguns efeitos especiais, o que é real, o que não é real, o que pode parecer uma coisa, sem o ser.

Os duplos ensinaram-lhes como é que fazem alguns dos seus truques e como é que tudo parece tão real.

Um dos actores da série criou uma empatia com algumas das crianças e foi lindo de ver.

Acima de tudo, a parte gratificante, depois de sabermos um pouco mais acerca do orfanato e que havia muitas crianças que tinham sido retiradas às famílias por falta de possibilidade de os terem, foi mostrar-lhes que existe uma possibilidade de futuro.

Esta é uma das formas de fazer algo pelo mundo e pelo ser humano. É pouco e é um gesto pequenino comparado com a grandeza que é o mundo, mas pode ser muito grande para uma criança que poderá vir a ser um adulto, que poderá vir a contar uma das histórias mais maravilhosas do mundo. E se nós podermos fazer parte disso, então isso é lindo.

E foi num clima bastante intimista e de partilha que deixámos Stana Katic, no Hotel Ritz Four Seasons, com a promessa de voltar com mais tempo para conhecer Lisboa e outras cidades de Portugal.

O Jornal Dínamo® gostaria de agradecer à Actriz Stana Katic a disponibilidade para esta entrevista, à AXN e Press.In, que a tornaram possível.

Fotos: AXN / arquivo JD

 

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