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João Afonso, Artista

Entrevista

| É um dos cantores que Portugal já não dispensa. Dialogante e musical, João Afonso traz-nos um novo trabalho ao qual deu o nome de “Sangue Bom” e no qual convida dois amigos e escritores, Mia Couto e José Eduardo Agualusa.

João Afonso

O Jornal Dínamo®, quis saber um pouco mais sobre o Artista e o seu novo trabalho e entrevistou João Afonso para todos os amantes de cultura e da sua música.

Jornal Dínamo – “Sangue Bom” é um diálogo entre música e histórias. Fale-me deste encontro com Mia Couto e José Eduardo Agualusa?

João Afonso – Esta narrativa de lendas e histórias que ambos me proporcionaram é de facto um encontro dinâmico entre as palavras e a música. Isso foi possível dada a nossa proximidade e amizade e pela sorte que tive ter dois grande amigos, grandes Homens e escritores que tiveram um papel colaborador e me deram toda a liberdade de “jogar” com as palavras dos poemas que me foram dando.

J.D. – Pode-se dizer que este novo trabalho faz também uma ligação ao passado e à infância?

J.A. – Sim. Bastante simbólico é “a grande casa branca” que nos e me transporta à casa da minha infância e ao eterno momento que ficou por ali guardado na memória. É um trabalho de espaços abertos quentes, intensos a todos níveis.

J.D. – “Lagarto” é o single de apresentação. Porquê esta escolha para primeiro single de “Sangue Bom”?

J.A. – O Lagarto “ardendo na pedra, ao sol” conquista uma sonoridade a meu ver diferente, de uma liberdade conquistada pela ousadia do meu amigo e produtor Vítor Milhanas e com uma colaboração muitos especial do sax soprano do Paulo Curado.

J.D. – O que representa para si o “Sangue Bom”?

J.A. – Como diz o Mia Couto “cada homem é uma raça” e o Agualusa diz “nunca sofri de raça, minha pele é muito boa… saiba o senhor… é contra o preconceito, contra qualquer descriminação racica, religiosa, homofónica.
O “Sangue Bom” é também uma multiplicidade de sons e universos fruto de músicos de várias áreas musicais e de vários países.

J.D. – Este trabalho é a fusão de três povos. Quais são os grandes pontos de encontro entre estas três culturas?

J.A. – A história une-nos e a língua Portuguesa que falamos nas ruas de Bissau, Díli, Luanda, Lisboa ou Maputo só nos pode orgulhar. São muitos pontos os que nos unem. Basta ver a literatura (de Miguel Torga a Castro Soromenho, de Jorge Amado a Craveirinha) a música (de José Afonso a Cesária) a pintura (de Malangatana a Graça Morais) e até à própria gastronomia (da cachupa ao cozido à portuguesa, da matapa à muqueca e à moamba).

J.D. – Há também duetos com Stewart Sukuma, Aline Frasão e Fred Martins. Como surgem estas participações?

J.A. – São dignos representantes neste trabalho. Gosto muito dos três. Três grandes compositores e intérpretes. Quem me falou da Aline e da sua voz maravilhosa foi o Agualusa e depois foi a Úxia que me a apresentou na Galiza e ficámos amigos. O Stewart conheci-o em Lisboa e em Julho de 2013 tive o prazer de cantar com ele em Maputo. Foram momentos de grande felicidade e claro ficámos amigos. O Fred é dos meus grandes amigos. Grande compositor para conhecidos cantores brasileiros, tive oportunidade de tocar e cantar com ele por cá, numa “gira” na Galiza. Vai dentro em breve também lançar um disco.

J.D. – Fugindo um pouco agora a este trabalho, e falando do prémio “José Afonso” que ganhou em parceria com José Mário Branco e Amélia Muge em 1994, com o projecto “Maio Maduro Maio”. O que significou para si?

J.A. – Teve grande significado. Foi com emoção, aliás com a mesma emoção com que vivia esse projecto que foi o culminar de uma fase muito importante. Continua a ser muito forte cantar e tocar a riquíssima obra de José Afonso.

J.D. – Voltando a “Sangue Bom”… a capa deste trabalho foi feita também por alguém especial?

J.A. – Sim. O meu irmão com a ajuda da Inês Costa e foram muito felizes a meu ver. O António, com quem faço vozes desde o Missangas e aqui continua a dar e a criar as suas vozes são um marco fundamental dos meus discos. A capa onde os “três mosqueteiros” brilham mais as suas belas ilustrações (onde também se encontram duas da minha mãe) dá uma coerência ao trabalho.

J.D. – Falando de calendário de concertos. Por onde vai poder ser visto a apresentar este seu novo trabalho?

J.A. – Vou andar por aí. Na próxima Quarta-Feira vou à Fnac. A apresentação da banda “Sangue Bom” será a 8 de Maio no Bleza, em Lisboa.

J.D. – A terminar e como já é hábito do Jornal Dínamo, peço-lhe que deixe uma mensagem a quem possa vir a ler esta entrevista?

J.A. – Obrigado pela vossa atenção. Este disco deve-se à generosidade dos amigos e inúmeros músicos e colaboradores. Deve-se também às pessoas que continuam a dar sentido para continuar a ser músico e continuar a fazer aquilo que gosto: a compor e a cantar. Bem Hajam!!!!

O Jornal Dínamo® agradece a disponibilidade do Artista João Afonso para a realização desta entrevista e agradece igualmente à Universal Music Portugal a possibilidade de a realizar.

Foto: Universal Music Portugal

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